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C. Ellger |
Os olhos nasciam
verdes na boca da noite
e tu
esperavas o sol
da lua
no sorriso da
água em flor
Acordaste os
limos bordando rendas líquidas
na transparência da tua presença distante
E o silêncio
adormecia nos cerejais da noite
à janela fresca
do luar
em sabores
planos e plenos de fantasia
Não ouviste o
som extenso e estridente das rãs
com tatuagens de
estrelas no leito verde do lago
embriagado de
salgueiros que dormem a penumbra
nos beijos das
rolas.
Ouço-te no
compasso das metamorfoses
e nas asas
gelatinosas dos caracóis
descendo
o vale
das folhas
em estradas
de goma branca
Semeaste a calma
na viagem livre
da luz selvagem
vagueando pelos
cabelos lisos dos pinheiros
chorando resinas
de saudade
Na boca de pedra
donde o gemido da água corria
ficaram as
plantas da noite na serenidade espessa da luz
escrita na
sombra enquanto a seiva dormia
E
no chão burilado de
estrelas
a minha paz se
estendia!
Manuela Barroso, in "Talentos Ocultos"- Ediserv, 2014