Ontem vi o teu coração nos olhos das pedras.
Pesavam
no meu peito.
Ouvi
sílabas de silêncios em buracos cravados
no chão, bocas
abertas na noite em tentáculos
de
estrelas navegando solidão.
Eras a luz
escura
em tetos
de alvorada
nos braços da lua.
Caminhei
com o vento
nas ondas
do teu corpo,
tão
vagarosas e longas,
tão lentas
e tão noturnas.
Desci as
madrugadas que dormiam
no meu
rosto, lençóis de bruma fria
renda
orvalhada, reflexos de sol posto
nesta
tarde ainda molhada.
Bebi
cheiros de espuma que nasciam
do teu corpo em impertinências
famintas .
Veio o
vento.
Levou o
aroma
já morto.
Manuela Barroso, in Antologia Poetas Lusófonos
9 comentários:
Um vento que lava,leva e trás cheiros, que traduzem uma historia, que elevam pensamentos e cravam na alma os tentáculos da lembrança.
Uma obra prima Manuela que aplaudo da arte da poesia.
Uma linda semana de paz e inspiração.
Carinhoso abraço com admiração.
Um pouco melancólico...
Beijo.
Olá minha querida, de quando em vez nos vamos encontrando nem que seja por breves minutos.
Querida, a vida é um vai e vem de turbilhões de ilusões, por vezes nos julgamos donos do horizonte mas apenas se trata de uma simples miragem.
Amiga quantos de nós andamos ao acaso já sem saber se estamos mortos ou vivos, somos como as ondas do mar que nos vai atirando cada vez para mais longe, até ao ponto do esquecimento...mas é bom, muito bom, quando um dia nos recordamos que alguns amigos que nunca chegamos a ver e, por qualquer motivo seguimos direitinhos ao cantinho onde se vão passando mais alguns minutos do nosso tempo...tempo que quase nos vai escapando por entre os dedos, sem quase o sentir, mas resta sempre a lembrança que estivemos na vida uns dos outros, e... se nada mais restar resta a lembrança das nossas palavras ditas com carinho!
Querida.
É muito bom sentir sem saber porquê, que vamos semeando um pouquito de conforto nos lindos poemas, que nos vais deixando atravessar mais um dia...e quem sabe? Se outro ainda voltará, beijinhos de luz e muita paz.
Olá Manuela!
Fico como que meio emudecido ao ler mais este lindo poema!
Os meus parabéns pela sua sensibilidade nessa sublime conjugação de palavras!
bj
Oi, Manuela!
Ontem era pesada a espera de um acordar que não aconteceu...
Beijus,
Marcas do passado que doem e fazem sangrar.
Ontem, ontem foi, foi-se. Ficam as lembranças.
Belo Poema, Manuela.
Beijos
SOL
Olá, Manuela.
Ontem que fique para trás com a melancolia que vivi. Viverei o hoje.
Lindo poema. Tantas emoções.
bj amg
Veio o vento e me trouxe tuas palavras...
Era luz brilhante em tetos de alvorada nos braços da lua...
Lindo, Manu!
Beijo grande, amigamada!
a melancolia expressa em palavras certas.
muito belo!
:)
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