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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Graça Pires- Convite- Ampulheta

Com a aproximação do dia 25 de Abril- Dia da Liberdade, a Poeta Graça Pires brinda-nos com o lançamento de  mais um livro seu alusivo a este acontecimento tão marcante já no dia 7 de  Abril de 2024 às 15,00horas.
Impossível esconder a ansiedade, quer pelo conteúdo, quer pelo o estilo que já lhe conhecemos. Eis uma oportunidade excelente de convívio para quem puder estar presente! 
Parabéns, POETA! Desejamos-te muito sucesso! 



 O livro está em pré-venda através do link:
https://poeticalivros.com/collections/poesia/products/era-madrugada-em-lisboa-louvor-a-um-dia-com-tantos-dias-dentro ( Ver em ortografiadoolhar.blogspot.com)


Transcrevo um poema do Livro "ERA MADRUGADA EM LISBOA"


Eram militares.
Eram jovens.
Carregavam no peito
o peso da arma e do receio.
Quantos rezaram?
Quantos choraram?
Quantos vacilaram?
O retrato dos filhos perto do coração.
A imagem da mulher a cercar-lhes o corpo.
As mãos das mães cheias de bênçãos.
E todos tão cheios de coragem!


Graça Pires











Sobe o tempo na ampulheta da vida.

Cai o pó esférico

gota a gota

numa calma desmedida.

E as palavras sobram em estáticos sentimentos

procurando à deriva

dar forma ao pensamento.

 

Entrelaçadas nos olhos são a luz e são a cor.

Entrelaçadas nas mãos

são presença, vida, amor.

Entrelaçadas nos sons são música na poesia.

 

E na ausência de laços

eis a porta que se fecha

dentro de uma casa vazia.



manuela barroso, "Luminescências"

 

 





domingo, 31 de março de 2024

Feliz Páscoa-A minha Páscoa

                                          Páscoa Feliz para Todos/as!

   





    Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

    A paz sem vencedor e sem vencidos

    Que o tempo que nos deste seja um novo

    Recomeço de esperança e de justiça.

   …

                     Sophia de Mello Breyner Andresen

   








Tempo de Páscoa!
O azul do céu, parece mais límpido, transparente e tranquilizador.
Há um misto de serenidade e inquietude.
A Natureza associa-se ao Tempo com uma certa inconstância:ora está a acordar duma longa hibernação, numa espécie de preguiça ,ora acorda irritadiça alagando as várzeas e fazendo tremer os salgueirais.

Mas também convida,assim e quem sabe, de propósito, ao recolhimento de um passado que Agora ainda se recorda: A Morte de Jesus numa tosca cruz.

Mas a saudade vem quando, depois de comemorar a ressurreição, o Compasso visitava a minha casa, acompanhado de um tilintar de uma alegre campaínha! 

E lá vinha uma coroa de flores brancas pequeninas de um rosa ternamente suave , envolvendo Jesus numa cruz menos grotesca.
E a saudade voltou ao meu peito!

Boa Páscoa, menina...

E não era assim tão pequenina.


Manuela Barroso





quinta-feira, 28 de março de 2024

Se


 

Se a Tua existência não sensibilizou o coração dos Homens
Que a Tua morte os desperte para o mistério da Vida.


Manuela Barroso ( reeditado)


quarta-feira, 20 de março de 2024

Primavera

  


Imagem da internet


 

 

Ainda ontem te despias para
adormecer no longo inverno que te esperava...
Ainda ontem te deixavas morrer
dando lugar à renovação da vida...
Ainda ontem te deixavas cair,
dando o exemplo de que morrer, não é morrer,
é dar a vez, alternando...

...E a cor morria ou fundia-se na alegria
da essência de nós e das outras coisas.
Mas os dias vão crescendo e com eles
a essência escondida em tudo que é vida.

Voltem timidamente os ramos a intumescer-se
como os primeiros sorrisos de criança!
Voltem a rebentar os bolbos das tulipas
e das frésias do meu jardim!
Volte a surpreender-me o merlo malandro 
que salta prestes dentre a folhagem densa
soltando agressivos desafios

E no ventre da Terra,
a vida entorpecida, desperta,
estalando em movimento,
verdura e cor!
...E fico assim à espera, vendo, olhando, pasmando,
absorta numa quase total ausência de mim…

...Desperto, sorrio...
Vale a pena a vida?
Sim!...
 

manuela barroso







terça-feira, 5 de março de 2024

Voa

 





Voa livremente como uma gaivota
Plana levemente como a brisa
Que sempre te abrirá uma rota
Um rumo certo que te abriga
 
E se vires que não consegues planar
Vê-te como uma nuvem passageira
Que não corre, vê que se passeia
Suavemente, sempre a divagar 
 
Afinal, porque sempre corres?
Porque fazes tudo tanto à pressa
Como quem anda a intentar mentir?
 
Na morte, como de resto, na vida
Tudo se harmoniza com o tempo certo
Não te vale a pena andares a fugir.


Manuela Barroso, "Luminescências"