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segunda-feira, 14 de abril de 2025

Semana Santa- Meu tempo de Páscoa

 

  Queridos Amigos e Amigas, ultimamente o meu percurso, foi um pouco atribulado. Daí a minha ausência sem ser programada. Abraço.



 

 

Os campos longínquos e verdes eram barcos no mar do meu pensamento.
Os olhos ausentavam-se nas encostas risonhas dos meus montes com rugas em regatos cantantes e alegres, fugindo ao encontro dos botões das giestas e aromas de rosmaninhos.

Nos cabelos atrevidos e esvoaçantes dos choupos, penduravam-se rouxinóis vestindo penas de primaveras meninas, em êxtases de cantos embriagantes, repercutindo-se em ecos nos montes de nuvens dispersas no azul sereno e transparente do Vazio celeste.
O vento indeciso, leve, era a vibração que acordava esta alegria interior, num lago de anónimas águas, num mutismo contemplativo.
Pensamentos mergulhavam de encontro aos seixos redondos em amêndoas coloridas.

Neste espelho mudo, as recordações aninhavam-se nos ovos de tingidos e penachos amarelos em jardins de Páscoa e começavam a sorrir embaladas no sono da saudade.
O canto do rouxinol ondulava nas curvas do pensamento, percorrendo agora a paisagem colorida das glicínias, numa canção enternecedora e tranquila, escrita em memórias de sinos pascais.

E como uma nuvem, deixei-me envolver nesta melodia, flutuando nas recordações que se teciam também na saudade dos meus vestidos rodados de crepe e laços de seda.
Uma imagem se criava em mim, recordando a Vida na morte do Filho do Homem.
Na cortina do tempo, abro hoje a janela, sorvendo a Páscoa do meu dia, na Paz que se faz em mim.
Em alegria.
Assim.


Manuela Barroso

sexta-feira, 21 de março de 2025

Comemorando o Dia Mundial da Poesia


 


Há-de ser em janeiro que eclodirão cristais 

das bolsas da terra; 

que nos olhos das fontes desaguará a luz coada 

da ainda penumbrosa madrugada.

 

Há-de ser a Natureza, a musa do meu canto,  

o bosque onde  passeio  

a  perenidade deste encanto.  

 

Há-de ser o silêncio, a asa deste voo líquido,

na altura  que estremece,

a lonjura que não alcanço, e a paz me aquece.

 

Há-de ser o púrpura do sol-posto

onde se dilui a tempestade de estrelas , 

flores noturnas, 

no seu manto . 

 

Há-de ser o limite das palavras, o meu grito de liberdade 

o meu tempo sem idade.  

E será numa alvorada, ao despertar  

que cantarei o meu hino de alegria

num louvor e vitória à vida  

nesta forma de ser e estar.



Manuela Barroso


                                         



segunda-feira, 17 de março de 2025

O Céu azulou

 







O céu azulou.
As nuvens pincelam o indefinido, desmaiadas.
O Tempo voou.
 
Quero ventos e brisas que transportem ausências em mim.
A incandescência do sol parte-me os olhos
escurecendo os espelhos que se multiplicam dentro da alma.
As carícias deste ar manso não matam a fome nem a sede
do lugar que ignoro. Só as águas mansas e serenas do lago
aquietam este anseio de parar.
 
Quero as ladeiras que me levem às alturas
e penhascos que desafiem esta inconstância de viver aqui.
Um condor que me carregue sobre as águas límpidas,
rasando escarpas erguidas.
Descerei algures nos montes em espuma de giestas e lajes polidas.
 



Texto e Imagem
de
Manuela Barroso

segunda-feira, 10 de março de 2025

Cansam-te as sombras

 



 Jaime Best







Cansam-te as sombras que se enrolam 

e colam ao teu corpo.

Acende-se a luz que entristece e perturba 

o teu sossego e ilusão, oprimindo o silêncio

nesta absurda inquietação.

 

Passeias-te em fragmentos de saudades

penumbras e clarões de alegria,

nesta poeira tão incerta, fugidia.

 

Nos lábios da manhã fazes sorrir os olhos 

nos espinhos agrestes da rua.

Acompanhas o rio de luz no espaço do teu dia.

Desaparecem os oásis indistintos de sonhos

e um rebanho de solidões principia.



Manuela Barroso



terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Fizeste-me

 



Fizeste-me cântico em versos de vidro
na imensidão  do cosmos onde fulgura 
toda a exatidão do belo. 

Tudo parece imutável na plenitude 
serena dos astros e na ausência visível  
do turbilhão efervescente dos magmas.

Mas tudo é um poema em incandescência.

Deixa-me que me transporte para a
serenidade inalterável da luz das memórias
onde me esperará uma sinfonia de estrelas
na imaterialidade dos Tempos.


Manuela Barroso