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quinta-feira, 26 de junho de 2025

Tua Imagem

 




Escrevo a tua imagem na fantasia
dos meus dias.
As minhas mãos são agora o cinzel
que contorna o barro para esculpir o teu corpo.
Arredondo as formas,
aperfeiçoo os traços,
escrevo as feições do
teu rosto.
Quero delinear a tua boca, dar voz
aos teus lábios e fico presa à imobilidade,
incapaz de dar vida ao teu sorriso.

Sorrio na esperança de ultrapassar o meu limite.
Em vão.
Recorto os teus olhos,
levanto-lhe as pálpebras imaginando o teu olhar. Mas é longínquo, distante,
inexpressivo, impessoal.

Não consegui transmitir vida, não consegui ler o amor,
no amor de esculpir-te.
Desiludida, senti a insignificância
na insuficiência e incapacidade de dar-te vida.

Desenhei-te uma túnica, vesti o teu corpo com o meu olhar
e guardei a  estátua de ti na distância das minhas memórias.
Ficaste no tempo, na espuma de uma história.


Manuela Barroso
(Todos os direitos reservados )


sexta-feira, 20 de junho de 2025

Soltem

 




Soltem as amarras que me prendem à lama.

Faça-se vento que me leve ao abismo onde

não ouça nem neve nem trovões.

Só a névoa do Vazio.


Manuela Barroso










 


terça-feira, 3 de junho de 2025

Cai uma pomba

 





Cai uma pomba na sombra dos narcisos.

Jaz serena na brancura das penas.

Que transportas

na tatuagem do teu negro silêncio?

 

Manuela Barroso


segunda-feira, 26 de maio de 2025

Maio

 




Traz as cerejas no colo da tarde.
quero o deslumbramento das cores de maio
 numa fogueira azul onde o vento
me traz anjos de nevoeiro
 e cotovias com sede do restolho.
 
 Cinge flores no chapéu dos lírios
e cobre a neve da inocência tardia.
É que o sol vai subindo.
Não tarda vai crestando a seda das rosas
 pingando lágrimas no pino do  meio dia.



Manuela Barroso

(reeditado)

segunda-feira, 19 de maio de 2025

No olhar

 

Imagem da net



No olhar doce que enche a moldura
de ouro, de sorriso ambíguo, insistente
fixo Mona Lisa, esta imagem que perdura
enigmática na alma da gente

um não sei quê de estranho nos apela
para o mistério que sempre existe em nós
e rejeitamos. No íntimo algo nos interpela
ignoramos esta espécie de voz

continuamos percorrendo nosso caminho
indiferentes a esta luta inconsciente
e indiscreta. Se afinal não há destino

para quê dar ouvidos a insignificâncias
quando o importante é racionalmente
estabelecer o equilíbrio das distâncias?


Manuela Barroso