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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Hoje

 


Para todos os amigos e amigas um Agosto pleno de Saúde, Paz e Harmonia.

 

 

 

Hoje, não cantes a primavera que nasce nos outeiros.

Chovem outonos em mim com folhas secas pelo meio.

As rosas perderam a cor, 

os lírios perderam asas,

as aves perderam chuvas de penas, na pena do desamor.

O sol emudeceu a luz, 

as nuvens já não cavalgam no céu.

 

Quero tréguas neste trepidar da calma 

que foge, que me arrasta.

Deixa uma vez, a solidão morar comigo 

na casa que construiu

nos marfins das noite sem estrelas.

 

Quero a paz da luz, a alegria da noite no refúgio 

da solidão.

Quero ninhos no silêncio das alvoradas,

acordar no linho dos lençóis 

despertar com  o sorriso do orvalho 

na frescura das  madrugadas.

 

Porque hoje substituem as estrelas do meu mundo pelos esgotos da guerra e podridão. 
E esse não é o meu chão.
Mil vezes não . 


Manuela Barroso
 

 



segunda-feira, 14 de julho de 2025

Construiremos

 

 



Construiremos uma casa nas montanhas

do Lhotse com telhado de andorinhas.

Faremos um banco com musgo florido

e debicaremos a alegria na secreta abundância

da primavera.

Na esquina do nevoeiro ainda a neve

suspendendo lágrimas de frio.

 

Somos miosótis

sinfonia de maio.

As nossas asas habitarão

a corola dos narcisos.

 

Manuela Barroso

Imagem : Internet

 

 


quinta-feira, 26 de junho de 2025

Tua Imagem

 




Escrevo a tua imagem na fantasia
dos meus dias.
As minhas mãos são agora o cinzel
que contorna o barro para esculpir o teu corpo.
Arredondo as formas,
aperfeiçoo os traços,
escrevo as feições do
teu rosto.
Quero delinear a tua boca, dar voz
aos teus lábios e fico presa à imobilidade,
incapaz de dar vida ao teu sorriso.

Sorrio na esperança de ultrapassar o meu limite.
Em vão.
Recorto os teus olhos,
levanto-lhe as pálpebras imaginando o teu olhar. Mas é longínquo, distante,
inexpressivo, impessoal.

Não consegui transmitir vida, não consegui ler o amor,
no amor de esculpir-te.
Desiludida, senti a insignificância
na insuficiência e incapacidade de dar-te vida.

Desenhei-te uma túnica, vesti o teu corpo com o meu olhar
e guardei a  estátua de ti na distância das minhas memórias.
Ficaste no tempo, na espuma de uma história.


Manuela Barroso
(Todos os direitos reservados )


sexta-feira, 20 de junho de 2025

Soltem

 




Soltem as amarras que me prendem à lama.

Faça-se vento que me leve ao abismo onde

não ouça nem neve nem trovões.

Só a névoa do Vazio.


Manuela Barroso










 


terça-feira, 3 de junho de 2025

Cai uma pomba

 





Cai uma pomba na sombra dos narcisos.

Jaz serena na brancura das penas.

Que transportas

na tatuagem do teu negro silêncio?

 

Manuela Barroso