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sábado, 7 de março de 2020

Não me apetece



  
Não me apetece...
Não me apetece…

Não me apetece escrever
Não me apetece sair
Não me apetece falar
Não me apetece beijar
Não me apetece sorrir…

Não me apetecem os dias
Não me apetecem as noites
Não me apetecem manhãs orvalhadas
Não me apetece o pôr-do-sol
Não me apetecem as gargalhadas…

Não me apetece ver gente
Não me apetece mentir
Não me apetece ensinar
Não me apetece fugir…

Apetece -me não me apetecer
Apetece-me recordar
Apetece-me olhar o nada
Apetece-me pasmar…

Tudo ou nada, tanto faz
Tanto faz Outono, inverno
Tanto faz viver, morrer…
Mas não! Dá trabalho apetecer!..


Manuela Barroso   -   “Inquietudes”, 2012



17 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de sábado, querida amiga Manuela!
Vamos apetecer viver um dos nossos dias, fazer com que ele seja o Dia.
Tem insistências muito razoáveis, há dias inapetecíveis!
O jogo de palavras em questão está perfeitamente poetado.
Tenha dias abençoados e felizes!
Bjm carinhoso e fraterno

chica disse...

Perfeito teu poetar com jogo de palavras ,por vezes fortes... Essa inquietude, realmente de vez em quando nos chega... Lindo de ler! Ótimo dia das mulheres! bjs, chica

lis disse...

Oi Manu
O poema diz muito da 'inapetência' que as vezes nos assalta.
Sim, porque é um 'assalto' que precisamos fugir a todo custo.
A única situação que 'tanto faz' é como vai chegar a primavera o verão,o outono e o inverno.Do jeito que vier 'apetece' vive-los, ok?
E, os poetas? ah os poetas!
_conseguem transformar trevas num perfeito arco-iris e vice versa.
Daí essa 'inquietude'
Beijo amiga

Majo Dutra disse...

Um poema interessante, mas cuidado com essas abulias... Srrsssssss...

UM DIA DA MULHER 2020 MUITO FELIZ.

Beijinhos
~~~~~

Graça Pires disse...

Transgride a brevidade dos desejos longamente esperados. Porque às vezes morremos fatigadas de desejos… Que tenhas um bom dia da Mulher, minha querida Amiga.
Um beijo.

Maria Rodrigues disse...

Há dias em que todos nos sentimos assim, com um vazio enorme no coração e "nada nos apetece".
Um poema tocante, sentido e maravilhoso.
Feliz Dia da Mulher
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

E a minha apetece-me dizer que mais uma vez gostei de a ler.
E de mulher para mulher, um abraço solidário, e um voto de que em breve, este dia deixe de fazer sentido, porque a sociedade terá enfim descoberto que Mulheres e Homens são partes iguais da mesma Humanidade e como tal são tratadas.
Abraço e dia feliz


Emília Pinto disse...

Há muito que não venho visitar este Anjo Azul que tão bem me faz, mas há tempos que estou nesse " não me apetece " Hoje, dia da mulher, não festejei e não me apeteceu sequer lembrá-lo; perdi a Mulher mais importante da minha vida, a Mulher que esperava abraçar no próximo dia 16, dia em que faria 90 anos; não me esperou talvez por querer passar essa data com o seu amor de mais de sessenta anos e que,com certeza a chamava todos os dias. Apetece-me pensar assim, apetece-me pensar que partiu feliz, apetece-me pensar que eram dificeis os dias sem o seu companheiro; apetece-me pensar que durante uma semana falei com ela todos os dias ( antes de partir ) e que a senti bem disposta; apetece-me pensar que lhe demos o melhor em todos os aspectos e que a vida nem sempre é bela, como se costuma dizer; quando a vida decide que é tempo de partir, não há nada a fazer, Querida Amiga. Não me apetece a tristeza, não me apetece a " inquietude " do meu coração , mas...é assim, é inevitável este estado de alma. Um beijinho muito, muito amigo
Emilia



Leninha Brandão disse...

E a mim me apetece sempre ler tuas palavras... ouvir a música do teu poema...sentir que, apesar da inquietude , viver é sempre a melhor escolha, saborear os frutos da sementeira, sentir os aromas da natureza, pisar no chão molhado pela chuva, apreciar as estrelas e o nascer do sol, ver a beleza da mudança das estações e o crescimento das crianças que nos rodeiam.
Apetece- me a mim sentir o teu carinho, vibrar com a nossa amizade tão perfeita mesmo com o oceano entre nós.
Apetece-me o riso logo após secarem as lágrimas, o brilho do sol, logo após a chuva e o perdão a eliminar as mágoas e os ressentimentos.
Um afago em teu coração, um sorriso para clarear os teus sonhos e um UPA para alegrar tua alma!

Jaime Portela disse...

E hoje, talvez o dia do apetite (ou da saudade), apeteceu-me vir aqui.
Para ler os teus excelentes poema, como este.
Manuela continuação de boa semana.
Beijo.

Toninho disse...

Profunda e sentida inapetência e a mim apetece estar por aqui.
A mim apetece mergulhar nestas palavras e emergir num cantinho,
onde o sonho de um mundo melhorado seja real, como a saudade,
de tudo quanto fui e perdi pelos caminhos da vida.
Beijo amiga e feliz fim de semana.
Saiba que Leninha é a linda Senhorinha que eu adoro e estou feliz
com sua volta na blogosfera, já que eu a sigo pelo Instagram.
Amei suas palavras no blog Isto é a felicidade.

Smareis disse...

Boa noite minha querida Manu!
Quantas saudades! Muitas!
Andei me sentindo assim, como seu poema...
Mas hoje apeteceu-me voltar ao blog.
Um lindo fim de semana!
Um abracinho bem apertadinho e um beijo no coração.

Olinda Melo disse...


Há dias assim, em que apetece não apetecer nada.
Dias de uma certa libertação do espírito.
E a Manuela transmitiu-nos neste seu belo poema
aquilo que muitas vezes sentimos e não somos
capazes de verbalizar.

Bom fim de semana, minha amiga.

Beijinhos

Olinda

Ailime disse...

Boa tarde Manuela,
Que poema tão belo e que tão bem define a Mulher ao longo da vida que tenta sempre vencer!
Inquietudes de todos os dias, de todos os tempos.
Um beijinho,
Ailime

Juvenal Nunes disse...

Um texto com estrofes premonitórias da situação que vivemos com o Covid-19, com a diferença de que há uma diferença entre o apetecer e o que devemos fazer por imposição.
Tudo de bom.
Juvenal Nunes

Teresa Almeida disse...

E um estado amorfo de quem deseja demais. E misturo, de propósito, o amorfo com o rebelde.
Ficamos, por vezes, no meio da ponte, não é verdade?

Apreciei imenso o teu poema, querida Manuela. É, profundamente, humano.

Beijos.

Ana Freire disse...

Um estado de alma... absolutamente visionário... face ao momento presente... que nos parece remeter para o mesmo... como a melhor forma, de passarmos por este momento... tão estranho, quanto improvável, até há poucas semanas atrás, até aos nossos próprios olhos...
E um estado de alma... em que me revejo, ultimamente, tal a pressão e a responsabilidade dos dias... principalmente, ao ter de sair, até mesmo apenas por motivos essenciais... sem saber, se o meu regresso, pode comprometer a saúde da minha mãe...
Enfim!... Vamos vivendo um dia de cada vez, da melhor forma que der, dadas as circunstâncias, e todas as restrições, deste nosso estranho presente!...
Gostei imenso, Manuela! Beijinho
Ana