...e voltei à minha praia!
Lá estavam os corpos a pedir a "misericórdia de uma fonte" como diz Florbela Espanca.
O suor escorre... e eles deliciam-se...Estranho ou " auto-mutilação"?...Mas eu desci percorrendo a distância do açúcar que me separa do mar...e comecei pela minha caminhada como sempre, saboreando o doce salgado do mar!
...na água espelhava-se o sol e o céu cada vez mais azul. E eu embrenhei-me nesse pedaço de prazer e tive uma sensação estranha, uma recordação linda...
...senti que essa água podia ser minha mãe porque a ternura com que me abraçou, foi como se estivesse no útero materno, doce, calmo, seguro, onde nasceram as minhas primeiras células...
...e levantei-me para olhá-la nos olhos! Era um porto de abrigo longo ondeando como a dizer olá, estou aqui!
E sorri. Já não estava só. Não me senti só. Senti uma energia que vinha do mar e do céu e que se espalhava pelas águas que sorriam de onde a onde, com os reflexos do sol!
E então sentei-me como se quisesse conversar...E ouvia o meu pensamento a falar ,porque isto de falar com a água, não é para todos...
...mas imaginei conversas como se estivesse num alpendre, gostosamente...
E as horas param porque o pensamento continuava a correr!
E corri com o pensamento como um elegante cavalo bordejando pelo mar, crinas sedosas ao vento...
E parei, era urgente voltar à realidade!
2 comentários:
O pensamento é mesmo um cavalo à solta pelas margens dos nossos corpos, como dizia o Poeta!
E... seria mesmo urgente esse regresso à realidade?!
Querida Manelinha
Gostei muito dos teus diálogos com o mar!
Ou melhor gostei de saber como te aquietas, quando junto do mar te sentes bem e o tornas confidente!
Deixa que o teu pensamento cavalgue e se demore onde se sentir abraçado.
O mar tem destas coisas:lava até a nossa alma.
Um beijiho
Beatriz
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