SEGUIDORES

sábado, 20 de dezembro de 2025

FELIZ NATAL

 

                                TODOS FELIZ NATAL!



 


  

Paro o tempo.
Acalento na retina a luz fresca da manhã
ainda adornada de noite.

Flutuantes neblinas expandem-se no pino dos penhascos
numa reminiscência intemporal.
Uma luz calma insinua-se num pacto de serenidade
trespassando o remanso dos pinheiros
na bonança da tarde.
 
É Natal.
Contorno de rosas brancas o calendário deste dia
e cogito no Amor pousando devagarinho no colo da Virgem Maria.
Indefinível o eco sussurrado com tal exaltação
na candura que me absorve neste Tempo.
É o encanto supremo no silêncio da glorificação.
 
Um coro de anjos no sortilégio da tarde
Louva o Menino Deus
inocência sem idade
prelúdio do Céu na terra
abraçando a Humanidade.
 
Manuela Barroso
Antologia de Natal de ,  Poética Editora, 2025
 

 








                                             Um Natal Feliz com um abraço de Paz

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Chamo-te

 





Chamo-te no timbre dos ventos, no som 
cavado das montanhas.
Respondem-me baladas de violinos no contrabaixo da serra.
Subo. Voo nas asas das aves emplumadas
de nuvens e arrasto o coro que sopra da terra
para os picos da serra.

Sou a gota sobrevoando os vales verdes, errante,
sou nascente e primavera,  sou voz que treme na
harpa, ecoando no sibilar límpido dos regatos.

Chamo-te no cântico sereno das cores onde a música da vida se funde nos olhos das flores.
Rodeiam-me os anéis do tempo, num contínuo caminhar,
ora lento ora sonolento, mas insisto com a mão leve deste
sopro sedento.

É noite na minha aurora, quero esperar pelo sol,
derreter a minha neve
ser água correndo lá fora.
E chamar-te-ei na liberdade do vento
na quietude que demora.

Sou a prisão do meu peito
na voz muda do pensamento.

Manuela Barroso,in  “ Luminescências “ Seda Editora




quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Escrevo-te

 


Christine Ellger




Escrevo-te  no sol desenrolando penachos de 
nuvens na bebedeira dos catos antes que morra 
no outeiro da tarde. Escrevo-te toardas sombrias, 
que correm entre mim e ti,  e  que tento em 
vão decifrar. Perdem-se nos confins, nos labirintos 
das memórias no grau zero da escada, ponto 
onde escuto o nada. Só ouço remansos, volto, 
escolho descansos, aninho-me no canto do 
meu lugar. Acorda-me uma gaivota. Afinal 
a luz existe. Porque não corres com ela? Sei.

És pássaro sem asas. Mas plana com teus braços 
feitos remos neste mar que é a estrada. O sol 
vai alto. Até ao sol- pôr vive cada minuto 
em desmedida cavalgada. Liberta te,solta-te 
já que a vida é só um salto.


Manuela Barroso
 

 



 


quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Fugiram os pássaros

 


Fugiram os pássaros na invernia do desassossego.
Canta agora a música sozinha na sombra nua
escorrendo nas tendas da terra onde hibernam
as notas do solstício. 













Fugiram os pássaros na invernia do desassossego.
Canta agora a música sozinha na sombra nua
escorrendo nas tendas da terra onde hibernam
as notas do solstício. 
Acordarão com Vivaldi
nos rebentos de primavera
vivendo no coração dos trópicos.
A alegria ainda balouça em folhas secas tardias
no soluço dos galhos descarnados,
na erva fresca,
no regadio dos prados.

Firmes e solenes, as árvores ensinam
paciência
e resiliência
à pressa dos Homens.

Fixo a casca dura de um caracol.
Acompanho a sua excursão lenta na
inclinação das pedras.
E no contraste entre a fragilidade e resiliência,
os dois se irmanam: tudo o que existe são moléculas
que se complementam.

E naquele jardim, vi assim, 
que também faziam parte de mim.

 Manuela Barroso “ Luminescências”







segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Foges de ti









 Foges de ti para te encontrares. Mas só encontras solidão.
A tua casa enche-se de muros que não deixam penetrar
os teus murmúrios
E quero-te aqui.

Voa como os pássaros e encontra a leveza das penas
na alegria do manto das estrelas.
Caminha e varre o chão com o Amor dos teus pés.
Fixa o horizonte e traz-me candeeiros de purpurina
para celebrar a tua chegada.
A luz será a tua porta algures na neblina.
A música, o teu caminho com revoadas de andorinhas meninas.
Traz-me rosas para colorir os teus olhos
incenso de violetas para perfumar a tua casa.
Nas mãos, o pão de cada dia.
E mais flores nas tuas asas, para mim.
Eis tudo.
Só. Assim.

Manuela Barroso. "Luminescências", Cap.Da Essência 
Imagem-pixabay