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quarta-feira, 17 de julho de 2024

Não me perguntes

 





 
Não me perguntes, vento, porque não quero
tuas asas no planalto das águias desafiando
os penhascos.
Não quero o desafio em relâmpagos sinistros
matando a pacatez dos sonhos azuis.
Quero o poder de definir o destino da minha
liberdade sem ser a ave que contorna os teus
humores.
Não definas meus limites porque a minha meta
é o infinito na poeira do desconhecido.
Arrepia a minha pele mas não a minha alma can-
sada dos teus movimentos.
Quero as sonoridades do vazio onde tudo flui num
etéreo manto de silêncio.
Aqui me quero repousar.
Embala-me num sono mudo na intimidade da minha
casa.
Não brinques com os meus cabelos nem distraias o
meu olhar.
Deixa que seja ave de mim.
Quero ser levada à procura do palácio do meu tempo
na transparência das minhas asas.
Deixa-me só, assim.
 

Manuela Barroso

 

Um Beijo para todos/as!