terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Feliz Natal


 

Duas palavras que o meu íntimo reclama partilhar convosco, meus queridos companheiros e amigos de tantos momentos de convívio, este ano menos por motivos pessoais.

Embora esta tragédia actual nos queime tanto a alma, roubando  horas de encantos perante tantas coisas pelas quais ainda vale a pena lutar, o pensamento será sempre e mais forte que os sobressaltos já que “ o homem não pode escolher directamente as suas circunstâncias, mas pode escolher os seus pensamentos”

Tentemos deixar espraiar os sons da música como o único eco que nos brinda, cultivemos a beleza na mente, a graça, bondade e alegria nos nossos pensamentos  e o nosso mundo interior terá desta forma  outra construção  porque a perfeição que nos dá forma, está dentro de nós.

Tentemos construir-nos , sejamos persistentes.

DESEJO A TODOS UM FELIZ NATAL

com

AMOR, SAÚDE , PAZ, SERENIDADE.

Se assim for, faremos o nosso PRESÉPIO.

ABRAÇO-VOS a TODOS COM TERNURA

 

Manuela Barroso

 

 




domingo, 28 de novembro de 2021

Quando os flocos de neve


 


Quando  os flocos de neve
iniciarem a gestação das suas flores,
leva-me contigo para a alvura dos montes.
Quero banhar-me na pureza do gelo.
 
Tudo é tão ruidoso na lonjura dos polos.
 
Quero congelar o meu hálito
e deixar de respirar na hibernação do corpo
faminto de paz.


Manuela Barroso
 

 


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Na Seara de Graça Pires

 

Meus queridos amigos

A nossa querida Graça Pires, vai lançar mais um livro que será, tenho a certeza,  outra obra de arte.

Não só porque ela merece o nosso apoio e carinho pela companhia e amizade, mas também porque ELA É UMA DAS POETISAS ACTUAIS com a MELHOR E MAIS BELA POESIA, convido-vos, se puderem, para este encontro poético que será uma bela e gratificante festa poética e verdadeiros momentosde partilha.

Depois, levantado mais um pouquinho o véu, hoje, dia 22 de Novembro é dia de seu ANIVERSÁRIO!

Que melhor presente senão o de a acompanharmos e nos rendermos a mais esta dádiva de sedução poética?

O livro está ainda com preço de pré-venda e o link para o Zoom encontra-se em baixo. 



CONVITE


POÉTICA EDIÇÕES convida-nos para uma reunião Zoom agendada.

 

Tópico: ANTÍGONA PASSOU POR AQUI

Hora: 27 nov. 2021 04:00 da tarde Lisboa

 

Entrar na reunião Zoom

 

https://us02web.zoom.us/j/81341163078?pwd=emtoemNPcmpabDI2NXhRSkFuQ1FZUT09

 

O livro será apresentado por Carlos Campos.

 




E para ti, querida Graça, que  merecias o mais belo poema de Aniversário, com lindas palavras rendilhadas com estonteante linguagem metafórica, deixo que a razão se cale para dar lugar à Alma e à emoção que me assiste, para te dizer que conhecer-te, foi um dos mais surpreendentes presentes do Blog. E com ele o tempo, trouxe, a admiração , a estima num elo intemporal!




FELIZ ANIVERSÁRIO, GRAÇA!


Felicidades, muitos Parabéns e que a vida te sorria sempre com saúde e paz,querida AMIGA!

22 de Novembro de 2021


Manuela Barroso



sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Se o Vento

 



  

Se o vento te perguntar porque morrem as saudades,
porque os olhos já não brilham, 
diz-lhe que as penas mudaram a cor das asas
que o calor já não arde no sol do meio-dia, 
que os segredos moram na lua fugidia.
 
Se o vento te perguntar porque sorris no silêncio, 
diz-lhe que já não há sal nos regatos do outono 
que a flor da primavera é uma cor sem retorno, 
um renascer ao abandono.
 
Se te perguntar ainda porque pernoitas no dia,
diz-lhe que o néctar das horas amargas azedam  
os olhares, os minutos são corroídos pela solidão
e que o corpo não descansa no lençol virgem da 
tarde, com lágrimas nos buracos profundos da mão.
 
E se o vento insistir, perguntando porque cantas
entre os pinheiros semeados de azul,
diz-lhe que as aves afinam já os gorjeios desde 
o início dos tempos, esperando o sino da minha voz. 
 
E que a erva renasce na cama da alegria, entre as  
maduras espigas fertilizando mais o pão de cada dia. 
Diz-lhe.  

Manuela Barroso
 


sábado, 23 de outubro de 2021

Nada sei

 




Nada sei dos contornos da terra. 
Nada sei das brisas que me levam nas suas asas. 
Nada sei dos sonhos que, semeados neste 
inconsciente, me levam à terra de ninguém. 
 
Sei que me acompanham os voos de todas as aves 
no encanto supremo de estar aqui. 
Sei que sou a água e a flor que despertam momentos
longínquos e me debruço como elas em cada peitoril
que adorna cada corpo, cada casa. 
Sei que tu és o Eu aí e sou a cidade à espera de ti. 
 
Não sei de onde venho, esqueci o caminho 
mas sinto que a porta se vai abrindo devagarinho.

 

Manuela Barroso

 

 

 

 

 


terça-feira, 12 de outubro de 2021

Donde nascem

 



Donde nascem esses olhos rosa
tatuados de música? De que penhascos
são feitos os instrumentos que atravessam
os desfiladeiros desafiando os voos
 
dessas notas musicais numa sinfonia azul?
De que matéria é feito o som que se 
transporta tão suavemente para esse
abismo donde não quero sair?
 
Junta todas as notas musicais  
na pauta da alma para que toque
a orquestra que os ouvidos se neguem  
esquecer. Que seja perene o arrebatamento
 
que emprenha a alma com esse canto
em uníssono e que fique escrito no teu rosto
os hieróglifos suspensos na sombra da tua
voz segredando baixinho as sombras  no
 
espelho do teu caminho. É que se soltam
notas veladas tão calmamente do peito
e num monólogo tão intenso, que os crisântemos
são o leito onde serenamente me quero silenciar,
deitando-me nas ondas, e nesta sonolência, repousar

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Será Feito

 


  

Será feito de fogo
o meu primeiro beijo da manhã.
 
Quero penas de orvalho
que esvaziem voos em fósforos de nevoeiro.
 
Que cintilem os reflexos da tarde
nos filtros do sol
em agonias de giesta.
 
Tu,
serás a alegria do amplexo
dormindo na penumbra
com tanto ardor
que 
roubar os matizes da tua paisagem
nesta secreta viagem
é roubar a cor da tinta
com que faço em mim
a tua imagem.  

 

Manuela Barroso

 


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Elas

 



De trapos pendurados no rosto, deambulam como quem vê.
Enterram sonhos como quem planta espinhos de rosas
na poeira do asfalto sem uma erva de vida. Límpidos os olhos
na esmagada aceitação das lágrimas, resvalando no colo onde
se aquieta o fruto aninhado no colo materno, bebendo a seiva até
à última gota.
Engolem a esperança na alegria que vai apodrecendo com a solidão.
Olhos mirrados com sede de luz e fome do dia, coado por um manto
negro de desterro.
Aninhadas nas sombras lúgubres  dos tugúrios,  
as sementes não tem permissão para nascer.
São proibidas as flores e as pombas.
 

Manuela Barroso


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Página

 




É só uma página.
Mais uma página em branco esculpindo a imagem que procuras .
Nada.
Mais um Tempo.
Outra página tentando decifrar o que o Tempo te guarda.
Nada .
E procuras dentro da pele o que tuas mãos procuram .
Um arrepio  te avisa do caminho, do calor e da raiz 
onde se esconde o  teu tesouro.
Imagina quão perto está o que te pode fazer feliz !


MBarroso


( Caros  Amigos e Amigas, por motivos alheios à minha vontade tenho andado mais ausente. No entanto continuam bem vivos no meu coração. Boas Férias! )


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Quando a noite

 


Quando a noite madrugava, despertavam os meus sonhos
na harmonia longínqua das paisagens onde te plantei.
Neles vieste na boca das flores que eu beijava, sentindo o teu perfume.
E eras a acácia austera abraçando-me na sombra longa e sonolenta, manto de desejos, dilatando  alvoroços e inquietações.
Via no contorno das árvores o horizonte do teu corpo
num caudal de afagos errantes, de arrebatamento cego e labaredas verdes.
E subia para a cortina dos teus ramos.
Fechava-a com as tuas folhas.
Emoção e silêncio foram cúmplices dos relâmpagos de ternuras
que fizeram acordar a quietação do bosque.
Cortejos de aves planavam este dossel intimista,
celebrando a vibração e alegria do amor.


Fotografia e Texto

de

Manuela Barroso

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Dá-me as Flores

 


Dá- as flores e aves e gorjeios que se desprendem do colo das árvores. 
Dá- me um barco com remos de fogo e mastros de andorinhas.
Leva- me ao alpendre plantado na alegria do vale juncado de choupos
e ninhos de rouxinóis 
Espera - me o regato onde borbulham as madrugadas do estio e onde 
recrudescem os devaneios atropelando-se com os sonhos no resgate inconsciente da alegria.
 
 
Manuela Barroso

 

 


domingo, 23 de maio de 2021

Minhas Rosas

 






Ouve-me
e sente comigo
a obsessão das rosas
no rigor e sedução das pétalas
e no fogo plácido das cores.
 
E vê
vê o reflexo de manchas
híbridas de encanto
cingindo aos teus olhos
a sedução solene do seu manto
 
Na inocência dos botões,
fecho-me com eles.
 
Não quero corromper a alegria
e o fascínio de nascer
cada dia.
 

Texto e Fotografias do jardim
de
Manuela Barroso
 

Rosa Minhas

 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Não substimes

 



Não subestimes as ligeirezas da terra. Tudo se liberta em 
olhos clandestinos sempre à procura de um destino.
Bate à porta do sol, das nuvens, dos olhos, 
terás a resposta na quietude  profunda da paz 
que terás no Cosmos.  
 
Não subestimes a erva seca que já foi menina.
É o prado que se funde com insectos e larvas 
criaturas pequeninas. 
Debruça-te na varanda do teu mar, esquece o pânico
das bombas, enche o peito de rosas e verbo amar. 
Mergulha nas ondas e da alegria não te escondas. 
Espera o encher das marés. 
Transforma-te na leveza da anémona, deixa-te vaguear, 
sê tu próprio aquilo que és. 
 
E não perturbes o teu caminhar. 
Abandona-te na seda da alma que, 
como interrogação sempre em suspenso, é rosa,
lírio, cisne branco, quando no abandono nos traz a calma.

 

Manuela Barroso 

 

 

 


domingo, 25 de abril de 2021

Ainda Cogito

 



 

Ainda cogito no esconderijo desta hibernação.

O som da flauta acorda o meu torpor.

Os galhos já se desprendem bebés em folhas tenras 

e inocentes, dos ventos e beijos ardentes 

da canícula do sol, num doce  espreguiçar.

Os aromas contaminam a pele

e arrepiam todos os sentidos.

Ainda breves flores despontam do musgo

e os girinos passeiam por entre os limos flutuantes.

 

Que me banhem todas as estrelas na noite que se aproxima.

Que me dispa de tédio as línguas de sol

porque necessito de gritar 

que a alegria é o mastro dos meus dias.

 

Que me beije a chuva, muita chuva.

Quero navegar nos lagos largos da abundância

onde a vida se incendeia.

 

Hoje quero ser a rã que se espreguiça livre

por entre as flores orvalhadas da manhã,

colhendo campestres inocências.

 

Já não tenho tempo para perder,

nem paciência.



Manuela Barroso, "Luminescências"-2019

 

 

domingo, 11 de abril de 2021

Fizeste-me

 



Fizeste-me cântico em versos de vidro
na imensidão  do cosmos onde fulgura 
toda a exatidão do belo.
Tudo parece imutável
na plenitude serena dos astros
e na ausência visível  do turbilhão
efervescente dos magmas.
Mas
tudo é um poema em incandescência.
 
Deixa-me que me transporte para a
serenidade inalterável da luz das memórias
onde me esperará uma sinfonia de estrelas
na imaterialidade dos Tempos.

 

Manuela Barroso


domingo, 21 de março de 2021

Como te ouço

 

 António B. Coelho


E como eu te ouço nas cordas longínquas
das violetas caladas.
Irrompem dos diques da memória,
as recordações que não tenho de ti.
Sinto a saudade esvaindo no céu das madrugadas
mergulhando no belo indizível
das auroras boreais.
 
Como elas, a impermanência deste olhar
que se esfuma com o tempo  em insónias fatais.


Manuela Barroso
 


sexta-feira, 12 de março de 2021

Vale Azul

  

 
Na planície verde dos sonhos,
as águas correm
com a placidez dos dias esquecidos.
 
É a única voz que perfuma o pão
desta fome de silêncio.
 
Contorno as margens dos sapais e colho hastes de alegria
no bailado leve das ervas.
Prendo-me ao chão, escutando as súplicas das rãs
no murmúrio da linguagem que salta da pele plana
e quieta dos charcos.
Sigo o vaguear inquieto das libélulas
arrastando consigo o sono dos nenúfares.
 
Quero vingar-me deste lugar abrigado da noite 
que me oculta a dança suave dos reflexos
dos olhos da lua,
sacudir este sal que fulmina os sabores das manhãs
quentes e quietas
e agonizar com a felicidade do declínio das tarde limpas
com lumes no horizonte.
 
Regressarei ao meu vale azul
e pernoitarei com  as asas das estrelas
estendidas atrás dos montes.

 

Manuela Barroso

 

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

A Ti, Mulher, este meu grito

 



Vou descendo com o sol ansiando a paz do fim do dia.
Uma espécie de embriaguez entorpece o raciocínio na fuga vertiginosa da tarde com os seus olhos  mornos que se vão pintando no crepúsculo.
Tudo se encerra com a vinda da noite: Lar-Colmeia- Paz!
 Não é luz, não é sol nem é a vida que enche o templo de algumas "abelhas" carregando colmeias de mel.
Não!
São colmeias vazias ou cheias de favos de amargo e falso mel...
 
E a minha alma vagueia, inquieta, na leitura destes sorrisos azedos, sufocando os olhos de mel no vazio do pólen que agora se diluiu nos vapores do vento.
E ela sorri, veste a mesa de suor, despe a cama de lágrimas...
Já não é ela...
...É uma coisa de gente, gente que não é coisa, gente que já foi gente...
Hoje é ferida que ninguém vê e em breve uma escara ferrada no corpo que já não dói porque nem sente.
Já não vive...
...É uma anta ambulatória com sorrisos amargos...
O doce sorriso esconde-se na chaga que esconde na culpa dessa maldição que se esconde e aninha na colmeia podre com mel suicida.
 
Mas o sorriso vai rolando pela face, misturando-se com as lágrimas no compasso desta morte lenta.
...E já não é coisa nem é gente.
Já nem sente!
É fantasma de mulher- moribunda na flor desflorida do seu martírio.
...E o sorriso azedo rasgou-lhe as pétalas, sugou-lhe o perfume para verter o ácido neste mel sádico,
na pele macia e quente
de mulher que já não é gente!
 
Nesta raiva com que fico.
Neste amor que te dedico.
A ti, mulher, este meu grito.
 
Manuela Barroso

 



domingo, 21 de fevereiro de 2021

Correm em Fios

 


Correm em fios gotas indulgentes 
no repouso da cama moribunda das folhas.
Não reparas no passeio do vento.
Sentes o borbulhar dos charcos e o balbuciar de ramos inquietos.
Olhas e perguntas por ti na sombra do musgo
colado à casca dos troncos.
 
Aquietas-te.
Fixas as tuas mãos.
Elas abrem-se olhando-te.

E numa resposta tímida mostram-te  o espelho
de outros outonos
que lhe foram chegando devagarinho
depondo folhas amarelas sobre os regatos
que circulam por entre os dedos, sumindo.
 
 
manuela barroso



sábado, 13 de fevereiro de 2021

Longas Penas

 


    

 
Longas penas atravessam o cálice da tua noite.
Os clarões abrem-se em raios luminosos, indiferentes
a tempestades. Vacilas na fragilidade do teu corpo 
na prisão de devaneios, quimeras. 
 
O teu mundo definha numa poeira constante, 
mas a vida é floresta tua, ardendo em cada instante. 
Intriga-te o baloiço das ideias, não te 
conformas com o barulho das marés.
O silêncio percorre-te as veias 
e a paz está no que pensas que és. 
 
Acomodas-te ao vício do vento que te vende 
o valor do vazio no infinito de ti. 
Mas não ao fogo-fátuo, tragando de uma só vez, 
a vida que carbonizas em vertiginosa rapidez. 
 
És a essência da verdade que se esconde no escuro
e o muro do tempo que se perdeu no futuro. 
 
Te direi que
impávida com o tempo, 
serei a árvore plantada, à tua espera, 
aguardando, paciente, a seiva da alegria 
em cada folha de primavera.
 

 Manuela Barroso, in “Luminescências” , 2019

 

 

 

 

 


sábado, 30 de janeiro de 2021

Com as janelas...

Josef Sudek

 









 




























Com as janelas do teu rosto que atravessa a ponte
dos dias, acordas flores e insectos nas suas metamorfoses.
Jamais entenderás os segredos do sangue que viaja
na pele coberta de tempo. Nem os beijos das abelhas
arrancam murmúrios das pálpebras onde passeiam.
 
O silêncio cobre de contemplação estes olhos coloridos
que se abandonam no céu e as palavras fecham-se no
mutismo contemplativo eternizando a perfeição geométrica
da Criação.
 
Não falam. Gritam no colorido arrepiante das cores.
Ateiam fogo sagrado nos olhos dos insetos sem um
gesto, apenas balouçando-se com a brisa que leva
consigo a chuva de pólen. É este bailado, a comunicação
que se ouve numa imagem inquietante de alegria, uma
 labareda doce na planície da vida.
 
Onde se esconde o mistério que o rosto procura?
Em cada corpo de erva no calor telúrico que arranca a convulsão
de beleza que dorme  nas raízes de cada manhã .
E os olhos fulminam de ansiedade no desalento da ausência
de palavras, presas na retina do pensamento. Soltam-se.
E num voo veloz pelo firmamento, planam este atlântico de
cores escrevendo nas asas este momento.
 

 

      Manuela Barroso, 2014