Um vento mensageiro teimava virar a página do meu best-seller.
Parei.
Como uma objetiva de longo alcance, percorri o olhar do alto do declive, donde saboreava o mar completamente prata, completamente Agosto completamente agora...
Pensei nas coisas boas da vida.
Tempo solto. Tempo livre. Tempo indefinido...
...até no canto longo, longo das cigarras, disfarçadas nos troncos secos dos pinheirais...
...e plantei-me na relva verde, enfeitada de fagulha seca... agulhas bordando a castanho a monótona mas calma cama do verde que se espraiava até à vegetação rasteira que corre para o mar, perdendo-se no horizonte baixo dos montes...
Enquanto o vento sorria, fechava os olhos ouvindo a orquestra de cigarras que aumentava o “laissez-passer” com este cantar tão monocordicamente embalador...
E a fagulha seca ia enfeitando o meu corpo, confundindo-o com o chão...
Somos realmente folhas! E eu, parte deste todo que teimo interrogar...
E fugimos aos porquês simples com respostas evasivas, contornando respostas com dúvidas escritas no inconsciente...
E neste estado de quietude e deleite, com os ouvidos pousados na música das cigarras, eis que de repente, como uma batuta de quem rege uma grande orquestra...toda a cigarrada emudeceu!
Emudeci também.
Não compreendi tão repentino silêncio...
E mais uma pergunta sem resposta para tão simples fato, mas talvez complicado argumento...
Para elas!
Tudo ficou parado ,ampliando ainda mais a distância das respostas para factos tão irrelevantes.
Voltei ao meu livro...pensando nas cigarras...
Pausa longa...
Ao longe uma outra orquestra iniciava agora a sua atuação...talvez porque chegava o momento de ceder o palco a outros músicos...
E eu, no meu palco, continuava com a minha música, deixando-me acariciar pela sombra dos pinheiros que adormecia em mim!
Simplicidades...
São estes momentos que nos tocam. Momentos em que nos conseguimos evadir... em que ludibriamos o Tempo... em somos efemeramente senhores de nós!
ResponderEliminarBeijos.
Manuela amiga
ResponderEliminarParecem tão "fáceis", as "simplicidades" mas... só o são, mesmo, quando retratam as nossas vivências com verdade! Um texto "real"!
Beijinho
Quicas
Belo e aprazível palco,amiga querida...e somos,realmente,folhas que ventos outonais carregam de lá prá cá,a seu bel prazer.
ResponderEliminarE,sobre a simplicidade,um pouco de meu querido Rubem Alves:
Simplicidade é isso: Quando o coração busca uma coisa só.
Concerto para Corpo e Alma
Rubem Alves
Bjssssss e um canto de cigarras
para ti,
Leninha
A sensação que tenho é que tu me leva pela mão, pra passear nesses lugares bonitos que descreve, entre essas impressões, visões, cores, texturas...
ResponderEliminarGosto tanto, Manu!
Quero que me leve sempre, viu? Vamos de mãos dadas por essas trilhas das tuas palavras mágicas. Sorrio grande aqui!
Beijos, querida minha!
Manuela
ResponderEliminarLindo relato que nos transporta aos lugares de paz, tranquilidade, silêncios da Natureza. Esta apenas cede os seus silêncios absolutos a palcos de outros cantores.
Simplicidades!...
Beijo
SOL
Simplicidades. Eu deixei meu livro há pouco, mas o espio daqui desse canto, seus contornos ainda contam histórias e as vezes parece narrar a mim em suas linhas. Não sou eu ali, mas sinto como se fosse. Lá fora o sol, as nuvens, os pássaros, o dia inteiro e aqui dentro as tuas palavras fazendo eco, "gritando" coisas comuns. Adorei, como sempre...
ResponderEliminarbacio
Gostei muito deste texto, deste momento de quietude.
ResponderEliminarMuito bem escrito, muito cuidado, vagaroso e envolvente.
É um enorme prazer ler-te, amiga.
Como é bom ler e poder, através da tessitura das palavras, estar presente de corpo, alma e emoção, nestas cenas...
ResponderEliminarÉ essa a sensação de ler você!
"E nesse estado de quietude e deleite", você nos possibilita ouvir a música das cigarras e sentir essas "simplicidades" tão gostosamente descritas!
Que delícia, Manu!!
Beijo grande, amigamada!
Momentos únicos em que os olhos pousam com amor na simplicidade da Natureza Mãe.
ResponderEliminar«Pensei nas coisas boas da vida.
Tempo solto. Tempo livre. Tempo indefinido...
...até no canto longo, longo das cigarras, disfarçadas nos troncos secos dos pinheirais...»
Em comunhão com a beleza e simplicidade da Mãe Natureza, emergem palavras de paz, serenidade das coisas boas da vida que só a alma do poeta sabe transcrever na perfeição.
Belíssimo, minha querida amiga.
Bjito amigo e uma flor.
Que a Paz e o Amor estejam sempre presente em sua vida Sinta o que você diz...
ResponderEliminarCom carinho! Diz o que você pensa. Com esperança! Pense no que você faz.
com fé! Faça o que você deve fazer. Com muito AMOR. Sabe..
Eu ganho força,coragem e confiança E me sinto Feliz Através de cada mensagem que
VOCÊ me envia Continue me abençoando com seu carinho OBRIGADA DE CORAÇÃO
Beijinhos com muito carinho.
Evanir
°º✿
ResponderEliminarº° ✿
♥ ♫°
Olá, amiga!
Como foi bom ler o seu texto!...
Bom fim de semana!
Beijinhos.
Minas°º♫
°º✿
º° ✿♥ ♫° ·.
Manu querida,bom dia,boa tarde e boa noite,nesta segunda feira de céu azul,alegria no core e emoção redobrada ao sentir o calor da amizade de cada uma de vocês,minhas amigas irmãs.
ResponderEliminarMeu sotão se iluminou e meu dia também,minha vida coloriu-se com todas as nuances do arco íris e além deste horizonte e deste oceano,encontro carinho e ternura...
Bjssss,
Leninha
Oi Manuela
ResponderEliminarUm texto envolvente onde nos misturamos à natureza e nos fazemos simples e exuberante como ela é.
Perfeita. , deliciosa de ler.
meu abraço
Oi Manu querida,boa noite!!!
ResponderEliminarRelendo tua simplicidade e sentindo que teu sorriso está em cada uma de tuas palavras.
Um sorriso para ti,da janela de meu sotão.
Bjssssss carinhosos,
Leninha
Querida Manelinha
ResponderEliminarBela e poética descrição do anoitecer e dos seus encantos indecifráveis!
Só tu mesma para atentares em tal beleza de toda a Natureza envolvente e colocares questões filosóficas por atitudes de insectos que, com toda a certeza, lá hão-de ter as suas razões!
Vida simples e linda, esta que podemos viver de vez em quando!
Desejo-te muitos momentos assim.
Um beijinho
Beatriz