segunda-feira, 15 de maio de 2017

Noite





Escondes no teu silêncio
o frio da escuridão que se
dispersa numa aragem erguida
nos braços da incerteza.
Trazes a chama da saudade
escrita nos olhos da lua
e unes a Terra e o Mar
numa Fusão eterna de Mistério
escondendo-se na espuma do tempo.
És o espelho da Solidão,
a única música que se ouve
na profundidade da tua memória
e onde eu queria divagar.
Entrego-te a harpa deste
Silêncio que guardo como
um sonho que dorme,
inacabado, cansado em meu peito.
Abandono-me  na tua carícia serena
onde a Paz é o Sono que me acorda.
És a fonte que gorgoleja, 
a sombra que refresca o verão quente
das minhas tardes.

E na floresta das tuas sombras,
vibram as imagens do passado,
escritas na saudade errante
que vagueia dentro de mim.


Manuela Barroso, in “Inquietudes”- Edium Editores 2012