segunda-feira, 15 de maio de 2017

Noite





Escondes no teu silêncio
o frio da escuridão que se
dispersa numa aragem erguida
nos braços da incerteza.
Trazes a chama da saudade
escrita nos olhos da lua
e unes a Terra e o Mar
numa Fusão eterna de Mistério
escondendo-se na espuma do tempo.
És o espelho da Solidão,
a única música que se ouve
na profundidade da tua memória
e onde eu queria divagar.
Entrego-te a harpa deste
Silêncio que guardo como
um sonho que dorme,
inacabado, cansado em meu peito.
Abandono-me  na tua carícia serena
onde a Paz é o Sono que me acorda.
És a fonte que gorgoleja, 
a sombra que refresca o verão quente
das minhas tardes.

E na floresta das tuas sombras,
vibram as imagens do passado,
escritas na saudade errante
que vagueia dentro de mim.


Manuela Barroso, in “Inquietudes”- Edium Editores 2012







17 comentários:

  1. Maravilhoso.
    Um "navegar" por tamanho poema!
    Bj

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  2. A noite. A noite tão inspiradora. Tão perto da alma dos poetas. A noite que nos acolhe como se fosse a sombra de um pássaro...
    Belíssimo, o teu poema, Manuela!
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  3. ~~~
    Verdadeiramente belíssimo!
    Uma saudade magistral e artisticamente
    descrita em metáforas sublimes.
    Grata pela agradabilíssima leitura.
    ~~~ Beijo ~~~

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  4. E a noite chega no fim de um dia que nem sempre conseguimos pintar com as cores desejadas; há sempre " inquietudes " que o escureceram e quando termina e o " silêncio " se instala lá fora, uma nostalgia, uma melancolia se apodera da nossa alma; abandonamo-nos a ele na esperança de uma " carícia serena ", mas...não é serena, é inquieta, machucando o peito que se aperta ; são perguntas, dúvidas, saudades, preocupações infundadas, mas que insistem em permanecer; abençoada, sei, tem sido a vida, mas o que se " esconde na profundidade " deste meu ser parece " mistério"e como tal, tenho de deixar de procurar entender; olho o sol, olho a lua, no silêncio ou no bulicio do dia procuro as respostas , mas não as encontro e porquê? Talvez não haja respostas para uma alma assim, uma alma que só questiona, que anseia sem saber o quê, que vive em paz com o passado, realizada nos importantes sonhos que teve, grata por todos os que ainda tem. E então, o que falta? O que perturba? O que inquieta? Mistério grande nesta minha alma, uma alma que nem eu mesma entendo. Como sempre, Manuela, às tuas maravilhosas palavras, sabiamente escritas, misturei as minhas que são desabafos simples de uma alma complexa, ansiosa, inquieta onde a melancolia se instala sem pedir licença. Também não a pedi a este Anjo Azul, mas ele, como anjo e de um azul sereno entende e desculpa a intromissão nesta " floresta " de palavras sempre acolhedora. Um beijinho, querida amiga e que a serenidade esteja presente nas tuas noites permitindo que o sono chegue reparador, como convém. Até sempre!
    Emilia

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  5. Belas as metáforas de corpo inteiro
    Bj

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  6. Uma solidão e noite... que por vezes sentimos ter... ou a querer instalar-se dentro de nós... brilhantemente expressa, nas suas inspiradas palavras, Manuela!
    Mais um belíssimo momento poético... para apreciar e reapreciar!...
    Beijinho! Bom fim de semana!
    Ana

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  7. Vejo essa noite no Poema escrito.
    Era de prata, a luz que a ilumina.
    Cintilam as palavras que o destina
    A ser, nas sombras, um doce proscrito.



    Parabéns, Manuela.
    Beijo
    SOL

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  8. A saudade... uma inevitabilidade latina...
    Excelente poema, gostei imenso.
    Bom fim de semana, querida amiga Manuela.
    Beijo.

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  9. Prezada amiga Manoela,
    Que belíssimo espaço
    Este aqui aonde eu passo
    E permaneço em singela

    Alegria que me revela
    Poesia no compasso
    Perfeito ao singelo lasso
    Do ritmo para deixá-la

    Cheia de luz e amor.
    Teus textos têm o esplendor
    De um sol com raios de paz

    E de luz com certo fulgor
    Que aquece à alma ao calor
    Que a poesia nos traz.

    Grande abraço. Laerte.

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  10. E quando a noite chega trás muitas vezes com ela a nostalgia e as lembranças do passado.
    Maravilhoso poema
    Beijinhos
    Maria

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  11. Prezada amiga Manoela,
    Que belíssimo espaço
    Este aqui aonde eu passo
    E permaneço em singela

    Alegria que me revela
    Poesia no compasso
    Perfeito ao singelo lasso
    Do ritmo para deixá-la

    Cheia de luz e amor.
    Teus textos têm o esplendor
    De um sol com raios de paz

    E de luz com certo fulgor
    Que aquece à alma ao calor
    Que a poesia nos traz.

    Grande abraço. Laerte.

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  12. é na noite que os Poetas mergulham na fonte da palavra
    belíssimo poema minha amiga
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)

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  13. Boa tarde, querida Manuela,
    belíssimo poema sobre a noite,
    ela que nos traz a paz do sono tranquilo, mas leva consigo
    o nosso sentimento de sonhar,
    deixa-nos intranquilos, como nossa solidão,
    a clamar por um milagre na alma, que se encontra na solidão total.
    Gostei muito. Beijos!

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  14. "Entrego-te a harpa deste
    Silêncio que guardo como
    um sonho que dorme,
    inacabado, cansado em meu peito."
    Escreves tão bem, amiga.

    Passo sempre no teu precioso azul.

    Beijo.

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  15. Lindas expressões poéticas os versos de sua poesia e uma bela e mágica imagem. Feliz semana

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  16. É sempre um prazer ler-te, querida Manuela. E a noite com seus silêncios deu-te luz própria. Consigo perceber a melodia da harpa que permeia a tua poética.

    Beijinhos, amiga.

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  17. A noite, tão cantada pelos românticos, é, no teu poema, a confidente, o "espelho" do teu mais profundo eu poético. Com uma belíssima roupagem!
    Bj, Manuela

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