quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Longe

 

   





Longe, o mundo corre e a miséria humana expande-se. 
O sossego é  interrompido pelos estropiados  e pelos
famintos de tecto e de pão. Na impotência  de dar a
mão aos tresmalhados, caímos na exaustão a caminho
de um abismo de que desconhecemos os contornos. 
 
A cidade mais despovoada, é um palco cada
vez mais misterioso. Permanece uma sensação estranha de
voltarmos às origens. Bastar-nos-ia água e um berço,
mesmo de pedra, onde um calor mais completo matasse esta
fome de paz com cantos de pássaros e o redemoinho das águas.
 ...
Eh! tu que corres sem saberes para onde vais,
espera-me na curva da estrada! 
A vida pesa-me e antes que pare, quero matar a sede
dessa água que te rodeia. Não quero mais nada.


Manuela Barroso