Queridos amigos, a minha ausência deveu-se e deve-se ainda a problemas de saúde.
Volto com as saudades de uma andorinha mas com a sombra triste do fumo que nos cobre de dor.
Enquanto o clamor das sirenes e o atordoar das bombas investem
incendiando os céus,
tentas aquietar o pensamento no redemoinho dos devaneios
imparáveis
que se fazem no peito
amordaçado.
Os teus remansos são agora os relâmpagos cravados na
memória cansada
de tantas imagens coladas em incessantes tatuagens numa
dolorosa impiedade.
As gentes são hoje migalhas de nada jogadas no pó da
terra
num vazio sem dor.
Rosas jogadas no deserto na vertigem do estertor da
Terra.
A execrável carnificina humana ramifica-se em garras de
fumo negro
num injustificado sadismo bélico fratricida
onde as imagens de crianças sem nome são a mais dura faca
que atravessa o coração dos mais fortes.
Até quando, meu Deus, até quando?
Manuela Barroso