Tanto frio lá fora.
Pelas fendas da tarde o piano travesso do vento
carregando neve invisível na intimidades das sombras.
Não adivinho a
respiração das árvores nem os segredos
aquáticos das rãs. Mas sinto a solidão fria dos pássaros
que não vejo e as pálpebras maduras nas silhuetas
abatidas no
recorte da noite.
Passos que pisam lençóis de geada na pressa
descompassada de seivas quentes no calor
do tecto e das asas.
Haverá sempre um
lago morno em cada tempo
que agasalhe o
sono para aí desaguar e colher
a seguinte madrugada.
Manuela Barroso