marcia batoni |
As ondas das árvores são o balancear da melodia
onde te
encontro, num caudal de chilreios desatinados.
A foz é o oásis onde permaneço numa hipnose
A foz é o oásis onde permaneço numa hipnose
tão
lúcida!
Cada folha
é a nota musical onde repousam
os meus
sentidos.
A morada
deste corpo consome-se e funde-se
com a
terra cravejada de folhas num soalho
feito
mortalha, nesta eterna canção a sós.
Pousa em
mim , ó deusa do bosque, e rodeia-me
de
labirintos de luz.
Entorpece-me
com esse relâmpago, onde procuro
um olhar que
se perde nas sombras, afogando-se
num sono esquecido.
Fica
comigo, deusa, acendamos um fogo que ajude
a
pernoitar sob o manto da tua proteção.
Que as
labaredas sejam o cálice de brisa quente
acalentando
este cansaço abandonado na viagem
que tarda.
Volta a adormecer-me antes que ela arda
na cinza
da tarde.
Arrasta as
violetas do bosque. Quero deleitar-me
com o
perfume roxo do coração vertido na sua imagem.
Inunda o vale de insónias para que respire
a madrugada até à última gota de orvalho.
Quero
voltar a adormecer na incandescência do sol,
subir na
vertigem das heras, onde se refugia o rouxinol.
Manuela
Barroso
Um excelente poema.
ResponderEliminargostei de ler.
Um abraço e boa semana
Um poema lindíssimo... em que se respira natureza... em cada palavra!...
ResponderEliminarMaravilhoso, como sempre, Manuela!... Para ler e reler!...
Beijinho! Bom final de domingo, e uma excelente semana!
Ana
Olá, querida amiga Manuela!
ResponderEliminarAcender o Fogo Sagrado e ser feliz!
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm de paz e bem
Num cenário idílico, éden dos sentidos e olimpo dos deuses, este eu poético quer-se primordial, eivado de impurezas...
ResponderEliminarLindo e tocante poema, Manuela.
Bjinho
Vais-te embrenhando neste paraíso natural, como se fossem as ondas vibráteis do teu ser.
ResponderEliminarGrande beleza e intensidade numa "eterna canção a sós".
Beijinho, querida Manuela
Um modo muito peculiar de celebrar a Primavera...
ResponderEliminarUm texto poético muito interessante que proporciona uma leitura muito agradável...
Beijinhos, querida Manuela.
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Quase uma prece. Quase um êxtase. Quase um hino. Muito belo este poema à Natureza que a Primavera nos traz.
ResponderEliminar" Pousa em mim , ó deusa do bosque, e rodeia-me
de labirintos de luz.". Tão belo, minha Amiga.
Uma boa semana e um bom dia da Poesia.
Um beijo.
A leveza das palavras sentidas
ResponderEliminarBj
Esse orvalho da nossa terra que humedece as faces quando vem de dentro, do mais profundo. Saudade das palavras, que são feitos, dos que a natureza nos dá.
ResponderEliminarComo gosto deste versar teu...
Abrazos de vida, querida amiga
ResponderEliminarBelíssima evocação poética das águas matriciais, onde tudo começa e
Eros se apaga para melhor brilharem "os labirintos de luz" que, em desamparo, a Poeta persegue na remissão das sombras...
... e na pureza do Graal (pressente-se) as labaredas em que se imola, sejam "cálice da brisa quente" da redenção das dores e do "vale das insónias" em que a humana condição da Poeta é vertida.
Poema de elevado padrão, Manuela, raramente atingido pelos melhores
Abraço de parabéns, minha amiga
Bela evocação de âncoras ancestrais
ResponderEliminarApesar da infalibilidade atómica
que faz o mito intemporal
o equinócio nas copas do temporal:
as ondas sobem
as ondas abatem
o desejo da poeta
Bj.
Manuela querida, é de uma beleza este poema, que reli e fico encantado com a incandescência das palavras neste poema como um facho de luz atravessa a vidraça numa destas madrugadas outonais.Muito lindo. Eu tenho uma admiração por sua arte e da Graça Pires, vocês são iluminadas. Da Graça tenho livros e os seus Manuela? Onde estão?
ResponderEliminarBoa semana para você querida amiga.
Beijo de paz.
Estamos numa quadra muito especial em que se lamenta o sofrimento e ao mesmo tempo se renasce para um tempo mais alegre, florido que nos acalante e encha o coração de esperança. Chegou a Primavera mas parece que ela está " chorando " o sofrimento de Jesus e espera a ressurreição para, finalmente nos brindar com a " brisa quente, o " perfume roxo das violestas e com o cantar dos rouxinóis. As noites estão frias, as madrugadas também e, enquanto não as pudermos respirar, olhando o céu à espera que o sol nos brinde com a sua luz, vamos , pelo menos, manter a esperança de que à tardinha ele apareça e nos anime para uma nova noite, quem sabe, menos fria. Enquanto espero esse calorzinho, Manuela, aqueço o meu coração com bela poesia como esta e aproveito para te desejar um bom Domingo de Páscoa; parece que a Primavera se vai assustar com os ventos fortes previstos, mas o que importa é que vivamos esse dia com a alegria possivel junto daqueles que amamos. É isso que desejo para ti, querida amiga. Um forte abraço e a minha sincera amizade.
ResponderEliminarEmilia
Poema magnífico, que nos enleva à alma, nas ondas
ResponderEliminardas suas belíssimas construções imagéticas.
Uma louvação, uma prece para o encantamento do
sonho (sono...), nas gotas de orvalho da
madrugada, nasce o poema "na incandescência do sol",
no lugar único da Poesia luminosa da
Manuela Barroso!...
Bravo, Poeta.
Beijos, Manuela.