sábado, 3 de fevereiro de 2018

Acordo...

Acordo
Recordo
Concordo
Com meu despertar, enfim…
Do cacto a flor
Nascida entre escolhos
Brotando de abrolhos!

Num breve deslumbre
Revejo-me assim:
Mistério
Laço
Eco de vida
Odor de jasmim,
Algures no espaço,
Que pernoita em mim!

Paro
Reparo
Enrolo o pensamento
Deambulando pelas memórias
E reflicto por um momento:
Ah! Sou Terra
Sou Ar
Sou Água
Sou Fogo
Sou Tudo
Sou Mundo
Sou de Tudo feita…
Mas nada no fundo!


Manuela Barroso, in “Inquietudes”, Versbrava, 2012

11 comentários:

  1. E este despertar "do cacto a flor" e este "odor de jasmim" tem a leveza e a graça nascida de ti. Pura. Matinal.

    Deambulo eu também e faz-me tão bem!

    Beijinho, minha amiga.

    Bom domingo!

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  2. MARAVILHA!!! Adorei! E vim agradecer teus lindos céus... Dia 11 estarão lá! Obrigadão! bjs, chica

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  3. Um belíssimo poema, Manu. Que me encantou.
    Abraço

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  4. Este "eco de vida" do teu acordar, faz das tuas palavras um cântico inquieto e belo. Deambulações da memória e dos sentidos, como uma prece saída do coração...
    Uma boa semana, Manuela.
    Um beijo.

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  5. São terríveis as insónias... sorrsss...

    Estas deram para uma boa sessão de introspeção...

    Gostei muito do belo poema, estimada Manuela.

    Beijinho.
    ~~~~

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  6. Aos poucos vou acordando para a triste realidade, uma realidade que desconhecia, mas que tinha consciência de estar cada vez mais perto de mim. Aceito...concordo... mas recordo aquele corpo já vazio de emoções exteriores, sentado à mesa, completamente ausente , mas totalmente presente para todos os que o cercavam. Paro..enrolo o pensamento, deambulando pelas memórias, refletindo, tentando entender estes mistérios da vida e da morte, mistérios que a minha pequenez nunca permitirá que eu entenda. Há muito sentia aquele corpo vazio, mas....nao sei.. será que estava vazio ? Será que não estava impregnado de luz, já numa outra dimensão, algures num espaço onde a sua alma finalmente encontrou a serenidade mais profunda? Sim...a alma o preenchia, a alma dava-lhe aquele aspecto sereno, aqueles olhos que percorriam o espaço parecendo não enxergar o que o rodeava. Aos poucos foi-nos deixando , ignorando ruidos, odores, sabores e até os maiores amores; aos poucos fomos percebendo que" somos de tudo feitos ", mas que " nada no fundo somos ". Sim, Manuela, estou só acordando, mas ainda não despertei para este meu novo começo. O tempo ajudar-me-á! Obrigada, amiga pelo apoio e carinho. Um beijinho e boa noite
    Emilia

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  7. um nada que é tudo!
    há sempre "quid", um quase-nada que subverte a "ordem" previsível das coisas que somos

    belo poema, Manuela

    beijo

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  8. Um despertar difícil mas que foi tomando a forma de flores num jardim encantado. Realmente, somos tudo e nada. Tomando consciência de nós e das nossas fraquezas poderemos elevar-nos para outras frequências.

    Um dos seus melhores poemas, Cara Manuela. Gostei muito deste momento de leitura que nos proporcionou.

    Bj

    Olinda

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  9. Inspiração no seu melhor... sempre em crescendo, neste poema, do princípio ao fim!
    Adorei cada palavra, Manuela!
    Beijinhos! Continuação de uma excelente semana!
    Ana

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  10. Que belíssimo poema!!!
    Todos somos feitos de tudo, mas existem pessoas especiais como a Manuela, que têm o dom de escrever o que lhes vai na alma e tocam por isso, o coração de quem lê.
    Beijinhos
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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