sábado, 26 de março de 2011

LUAR

Do sossego do meu canto espreito o sossego da noite.
Havia um cheiro especial na noite!
Cheiro a frio e a ausência!
Como dois holofotes, percorro as janelas e o casario.
Tudo frio, tudo noite, tudo nada...
Tudo dorme e descansa, do caminhar longo e contínuo do dia...
Procurei entender o segredo desta noite, deste frio que me percorria...
O olhar pousou-se no mármore do terraço, entrecortado geometricamente por esquinas frias e longas e impessoais de cimento, por onde descia a luz marmórea da lua.
Era uma luz pálida e fria. E as sombras escreviam-se no chão frio e inerte, com longas linhas, longo silêncio!..
Um torvelinho de memórias era o filme que se projectava agora no cimento lavado e frio onde imaginava agora sombras fartas, adormecidas no chão, de árvores frondosas, cheias de vida e ninhos e verde e gorjeios e pólen e ramos longos num abraço cheio, segurando a vida!
...E longe, muito longe, em vez do som abafado e rouco de um motor, nascia o piar do mocho em louvores à noite quieta e longa ...
...E o arrepio que antes sentia com o piar do mocho junto às lápides cantado pelos ultra românticos, transformava-se num arrepio de saudade nas noites cálidas de verão, na minha aldeia, onde o luar era acompanhia nas noites cansadas!
Saudade do meu luar!
...E apercebi-me que devia aproveitar o tempo do meu tempo...
...E que este tempo, embora não sendo o tempo que quero, é o tempo que tenho!
...E é o tempo que o Céu me deu, para saborear neste tempo, a magia do tempo...
...que percorre o tempo da minha noite!

quarta-feira, 23 de março de 2011

UM ANO DE BLOG!

Um Ano
Um espaço
Sem espaços
Entre espaços
Feito de silêncios
Silenciosamente
Ausentes
Refúgio de mim...
Memórias longas
Fundidas nos tempos
Do tempo
Sem tempo
Mas hoje
Com tempo
De mim...
...Aqui!


manuelabarroso 23/3/2011

terça-feira, 22 de março de 2011

PRIMAVERA

PRIMAVERA

Enfeita-se o tempo de primavera
Com o cheiro a terra molhada
O sol já beija as folhas tenras
Cobertas de ténue orvalhada!

A alma rejuvenesce cada dia
Deixando cair seu tom cinzento,
O azul traz a alegria de volta
De mãos dadas com o tempo!

In "Eu poético"
manuelabarroso