sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Feliz Ano Novo

 


Apesar de tantas raivas, descréditos, desilusões, ingratidões, injustiças...
 não podemos dar-nos por vencidos e  olhar passivamente para as ondas
que nos engolem como monstros tentando afogar os nossos gritos
nem por ventos que derrubam nossos sonhos.
Ás vezes parece que tudo é irremediável...
...e olhamos o vazio na impassividade da impotência
Mas a força está dentro de cada Homem, na sua  coragem
de enfrentar um novo dia , único, sempre desigual.
Na confiança em cada amigo que nos aperta com aquele abraço reconfortante e quente
No amor que sentimos por um ser diferente de todos...e que vale por todas as luzes
por todas as horas.
No viver  cada  dia de sol ou chuva com entusiasmo adolescente...

QUE O ANO DE 2023 SEJA REPLETO DE BÊNÇÃOS E VENTURAS

 

  


 



A todos os amigos e amigas endereço os meus melhores votos de um FELIZ ANO NOVO, onde se realizem todos os vossos anseios.

Obrigada pela vossa presença, companhia, carinho e delicadeza, nas palavras  tão generosas.

 

Terno e grande abraço!

 

Manuela Barroso





quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Feliz Natal

 




NATAL

No  cume branco das madrugadas
Enquanto  descia lenta  a neblina
Subiam saudades redobradas
De quando eu ainda era menina.
 
Um cheiro mole, espesso a nevoeiro
Atravessava lento o pinheiral
Peneirando sobre o musgo primeiro
Depois a minha árvore de Natal
 
Trazida em festa e a solenidade
Com que sempre se celebra o Amor.
O presépio nascia na  verdade
  
Com aquela  inocência sem idade
Onde  nos acaricia o calor
Que devia envolver a humanidade.
 
 
Manuela Barroso




Queridos e queridas Amigas

Mais que nunca cumpre-nos que dar testemunho de um Menino que nascendo se fez Homem em tudo igual a nós, tudo pelo Amor- que ainda não compreendemos nem seremos capazes de imaginar tal dimensão-de Deus Pai.

Numa sociedade onde cada vez  mais apóstata, há valores - mesmo de outros credos religiosos- que fazem parte da nossa cultura e se vão perdendo.

É na comunhão deste verdadeiro espírito natalício que desejo a todos

Um Santo e Feliz Natal!





domingo, 11 de dezembro de 2022

XIII Interacção Fraterna de Natal

     
A convite da Amiga Rosélia, a minha participação nesta Interacção Fraterna de Natal
                                       

 


Natal!
É mistério. É magia .

É  miscelânea de sabores e sons em toadas de alegria.
É família, é paz, é harmonia.
É calor , é lareira, pinhas de pinheiros mansos à nossa beira .
É cheirinho a canela , mesa grande 
Sapatinho , chaminé e toda a fantasia.

Por isso...

Hoje escrevo de branco
como o floco de neve
que cobre com o seu manto
as palhinhas ao de leve
 
Não acordem o Menino
acabado de nascer
num cantinho pequenino
onde ninguém quis viver
 
É nesta simplicidade
que Ele  nasce sem trono
sem ouros e sem vaidade
que a beleza da humildade
é ter tudo como uma ave
ser o cântico da liberdade
não ser servo nem ser dono.
 
Foi a boa nova que trouxe
a doutrina que deixou
e como se fosse pouco
deu a vida porque amou!
 
Obrigada, meu Menino,
contigo nada mais foi igual
tão bom ser-se pequenino
Obrigada pelo teu Natal!

 ☹☹

( Mas hoje olhando a vidraça
fazem-se vultos lá fora
vozes famintas de crianças 
e minha alma triste chora.)

Manuela Barroso  

 

Queridos amigo/as


Embora o Tempo seja de profunda consternação Humana pelos Irmãos que vemos padecer e os que nem imaginamos o seu sofrimento,confesso sentir um certo pudor recordar as minhas tão alegres Festas de Natal. Mas é uma urgência recordar sempre o nascimento de Jesus porque se pela sua vinda renascemos  pelo seu Amor e Morte não morremos jamais. Assim creio.

Para todos/as, o meu fraterno abraço!








sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Lá fora


 

La fora chove o sol.
A terra pinta-se de Outono. Folhas moribundas
que ainda sorriem para a vida. Tinha esquecido.
Não sabia que os moribundos ainda podiam alegrar
as manhãs que gelam o sangue. A vidraça, uma barreira
donde os olhos contemplam a vida de um sol calmo
penetrando na alma, espalhando-se  pelos sentidos
alargando-se no jardim da minha pele.
Dentro, dádiva de vida longa, tropeçando na renda dos ossos.
A sombra desce. O sol deita-se numa horizontal plácida.
O chão dorme sentindo os beijos das folhas
e a vidraça é a porta que me liga ao mundo que me esqueceu
Eu, penetro as suas sombras nas vozes dos passos,
no tambor ruidoso que me acorda para a vida.
 
 
Manuela Barroso

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Donde nascem

 



 
Donde nascem esses olhos rosa
tatuados de música? De que penhascos
são feitos os instrumentos que atravessam
os desfiladeiros desafiando os voos
 
dessas notas musicais numa sinfonia azul?
De que matéria é feito o som que se 
transporta tão suavemente para esse
abismo donde não quero sair?
 
Junta todas as notas musicais  
na pauta da alma para que toque
a orquestra que os ouvidos se neguem  
esquecer. Que seja perene o arrebatamento
 
que emprenha a alma com esse canto
em uníssono e que fique escrito no teu rosto
os hieróglifos suspensos na sombra da tua
voz segredando baixinho as sombras  no
 
espelho do teu caminho. É que se soltam
notas veladas tão calmamente do peito
e num monólogo tão intenso, que os crisântemos
são o leito onde serenamente me quero silenciar,
deitando-me nas ondas, e nesta sonolência, repousar.
 
 
 
Manuela Barroso
 

 

 


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

À Deriva sem margens

 



 

 
Estou cansada!
Já não sei nem ouso coisa nenhuma
porque cansei de depender
ter que escolher ter que dar
sem ouvir a razão o bater do coração  
de ter que repetir
cansada da publicidade das inverdades
"ratings" inflação desorganização
Banalização do amor da morte da dor da promiscuidade
do poder financeiro do poder político da corrupção
sem solução
e dar… dar… dar sem que eu queira sem perguntar
se quero se posso...
E guerra tanta guerra por tudo por nada
crianças velhinhos almas penadas
sem tudo com nada
 
Cansei!
Uf! Que cansada!  
 
E queria tanto a paz construir paz partilhar paz
Mas o ruído é tanto...que não me ouço mais!
Estou cansada muito cansada!
 
Partilhei o turbilhão
agora a procura de abrigo
para  descansar no silêncio
esta inquietação.
 

 

Manuela Barroso


 

 

 


terça-feira, 11 de outubro de 2022

Nos dias

 






Nos dias em que os rumores do vento da vida ensurdecem o pensamento, voo.
Preciso de pousar na escarpa mais íngreme da montanha
onde o remanso do azul me aproxima da Fonte.
É aqui que me purifico, sorvendo a frescura das águas límpidas
neste marulhar esvoaçante
que me acalma,
que sinto,
que não vejo:
indefinível aos sentidos.
Impotente, sem penas, choro a pena deste penar.
Limito-me a estender os olhos para que deles se soltem as asas
que limitando-me, as imagino.
E tanto me pesa esta ausência!..
Finjo que voo, que pouso naquela pedra já  lavrada de musgo seco
onde se escreve como num papiro, a minha existência.
Deduzo que mesmo sem penas
é possível forjar umas outras Asas para subir a Vida.
Porque voar, é a forma mais fácil de caminhar!


Manuela Barroso


sábado, 24 de setembro de 2022

O rio secou/ Graça Pires finalista da lista PEN Club

 

Os Amigos estão presentes em todas as horas.

E esta é a hora de aplaudir e me regozijar  com a presença da nossa grande Graça Pires na Lista dos Finalistas do Prémio PEN CLUB 2022.

Muitos Parabéns, querida Amiga!


Imagem da net



O rio secou.
As fontes adormeceram as águas nas fendas obscurecidas dos montes.
Apagaram-se os olhos das cascatas.
Calou-se o ruído das lágrimas no tempo redondo dos seixos.
 
Não chores, rio, as fontes também vertem gotas no estio.
Guarda nas tuas margens os ninhos de libelinhas
e a liberdade das flores selvagens.
No teu leito despido guardas o limo seco, na ausência da tua voz.
Cala a impaciência.
A nascente é já ali na humidade da boca dos fetos e na transpiração calada dos esporos.
Ouve o sorriso da areia, no borbulhar das contas de água escorrendo nos reflexos das veias.
 A terra doa-se neste parto de amor.
A vida vai nascendo. A água salta e num breve ruído,
salpica de musgos moídos o ventre de leitos adormecidos.
E as fontes estalejam de vidas hibernadas,
na solidão e frescura das suas madrugadas.



Manuela Barroso

sábado, 16 de julho de 2022

A Luz coa

 





A luz coa a acidez das sombras  no fogo das  resinas,
definhando os nervos da terra que geme no refúgio das grutas
onde cantam os morcegos na felicidade das teias em cortinas.
 
Ninguém escutará a voz
encostada aos olhos das nascentes;
só o rosto do granito erguido
no moinho solitário, dormente.
 
Amanhece. 
Uma chuva de sol
se espalha em delírio no orvalho incandescente da ladeira
e cobre o solo tecendo arabescos na poeira.
 
O pólen desce do campanário.
Mergulhando no chão,
outras flores virão,
fazendo dele um santuário.
 
Manuela Barroso

domingo, 12 de junho de 2022

Não te peço

 





 
Não te peço que me escutes. A tua voz está 
na música que abriga a simetria do infinito. 
Explica-me, amado, o segredo da harmonia 
que se adentra no coração destes sons eflúvios  
que levam as penas da alma e abrem o sorriso 
das pupilas, num alerta que se rende ao encanto 
deste voo onde se reverencia  a ave que se esconde 
dentro de cada célula. 
Um voo que se eleva para além da física dos sons 
e semeia silêncios de lagos de longas horas.
 
Nada entendo, senão o êxtase de te ouvir 
no compasso flutuante das flautas e violinos
que me prendem a um espelho  que me ofusca,
me apaga. 
 
Basta - me o mistério deste grito interior, 
num misto de cumplicidade e alegria, 
dor e saudade  
que se exaltam neste incêndio de  magia 
como se não fora realidade.


Manuela Barroso , in "Luminescências"

 

 

 

 


sábado, 14 de maio de 2022

Deixem

 



Deixem soltar os respiros das flores.

Há vagas de alegria nas sedas que me

fogem das memórias e palavras que

morrem de saudades.

 Há delírios nos sonhos que emudeceram

e torpedeiros que matam a primavera do

meu tempo.

 

Deixem passar o pólen,

deixem que sejam as abelhas

a fazerem a guerra.

Só quero o mel que me resta ,

abraçar o mundo,

sorrir como as crianças.

fazer da vida uma festa.


Manuela Barroso

(Todos os direitos reservados)


domingo, 17 de abril de 2022

Feliz Páscoa!

"Prece" 
de Fernando Pessoa
 por Maria Bethânea 


 



Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A Páscoa ou Pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor.

  Albert Einstein

 




Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra, madeira,
No cimo de um altar!

 

 José Régio, in Poemas de Deus e do Diabo, Portugália Editora, "Obras Completas", 1969


 PARA TODOS/AS

UMA  FELIZ PÁSCOA FELIZ.


MBarroso



terça-feira, 1 de março de 2022

Paz

 


Enquanto o clamor das sirenes e o atordoar das bombas galopam incendeiam os céus, tento aquietar o pensamento dos devaneios imparáveis numa penitência tão, mas tão penosa!

As minhas luminescências são agora os relâmpagos cravados na memória cansada de tantas imagens coladas em incessantes tatuagens numa dolorosa impiedade.

A execrável insaciedade e ganância do materialismo ramifica-se em garras de nuvens negras num injustificado sadismo bélico fratricida onde as imagens de crianças são a mais dura faca que atravessa o coração dos mais fortes.

Incapaz de gerir este doloroso dia a dia, refugio-me na serenidade relaxante da música que me vai acalmando e da oração das Ave- Marias , numa fuga desmedida desta escuridão terrena , plena de  perversidade de actos e desvalorização do plano espiritual, suporte das nossas fragilidades humanas e do qual somos as suas Criaturas.

Refugiando-me na casa da minha Paz interior, a minha imaginação vagueia por  bosques, vales , prados, sol-poente ou a aurora do dia . E  aquieto o meu sono colo da Virgem Maria.

 

Manuela Barroso

 


sábado, 22 de janeiro de 2022

110 Anos , 110 Poetas - Universidade do Porto


Antologia Comemorativa dos 110 Anos da Universidade do Porto


No 110 º Aniversário da Universidade do Porto, tive a honra de ser convidada 
a participar com um poema para assinalar esta data, na Antologia Comemorativa dos 110 anos com a organização da Professora Dra Isabel Morujão, docente neste estabelecimento de ensino.
Perante as pessoas de talento e enorme estatura literária que passaram durante este tempo por esta Universidade, senti uma enorme responsabilidade perante tal  convite. 
Daí o meu obrigada por fazer parte desta Antologia.


Capa



Contra-capa




Excerto

 ...
Paralisa-me o sorriso híbrido,
o sufoco da irrequietude humana
na voragem cega do cinza ácido de cada dia.
É neste caminho opaco
que encontro a voz que me fala dos segredos
que guardo e não ouço.
Aquieta-me a juventude mansa
do borbulhar de tudo o que nasce
no assombro da Criação.
E tudo para nesta prisão de liberdade
que sinto,
que vejo
e escuto
numa harmonia sinestésica de um piano de minutos
escorrendo vagarosamente no tempo.
 
...
  
A memória adormecida
é cometa na comporta do silêncio,
é o suporte da alegria primaveril que não se escoa,
hoje veleiro e utopia,
flutuando nos tentáculos
de tudo o que não é pessoa.


Manuela Barroso
Alumna FLUP ( 1º Curso de FR-1968)
Inédito

Manuela Barroso
 




 

sábado, 8 de janeiro de 2022

Na Subtileza

 



 

Na subtileza enigmática dos dias pardos chovem saudades 
Na sombra me deito.
Na paisagem do sorriso discreto
murcham as flores no exílio deste cais
num abandono secreto.
 

Sou o gesto indefinido e adiado no horizonte da bruma.
Sou a nuvem da emoção onde albergo esta paisagem de algodão,
neste mote de saudade em espuma.
 
Cansam-me as sombras que se enrolam 
e colam ao meu corpo.
Acende-se a luz que entristece e perturba 
o meu sossego e ilusão oprimindo o silêncio
nesta absurda inquietação.
 
Passeio-me em fragmentos de saudades
penumbras e clarões de alegria,
nesta poeira tão incerta, fugidia.
 
Nos lábios da manhã faço sorrir os olhos 
nos espinhos agrestes da rua.
Acompanho o rio de luz no espaço do meu dia.
Desaparecem os oásis indistintos de sonhos
e um rebanho de solidões principia.


Manuela Barroso