sábado, 4 de abril de 2020

O Céu metálico


O céu metálico sobrevoa, esta floresta de cabelos humanos, invadidos por rajadas de
medos, emparedando-os na angústia do abandono e desencanto, como berlindes ansiosos, em declives verticais, em voos  picados e  pesados de encontro ao abismo.

A solidão gela a amargura das horas com sede de vingança.
E crepita a ânsia de liberdade pela Dignidade e Igualdade Humanas.
Uma estranha prisão com grades frias, intransponíveis, feita de injustiças, ódios e metal.

A dignidade sufoca esta espuma de solidão, numa angústia asfixiante,
infligida por carrascos impunes que anulam sonhos e gritos de esperança...
A impunidade esmaga a esperança de justiça numa cortina opaca, provocando arrepios de indignação.

É neste lar terreno que o espectro da loucura humana
ganha contornos de vórtice tenebroso,
mutilando mocidades ainda por nascer.

E a dor da indignação bate surda no olhar de peitos magoados, numa amargura incontida, que acordará nas brasas das consciências abandonadas, 
feitas vulcões,  
cujas crateras vomitarão
lavas incandescentes de libertação.
E das cinzas, nascerá de novo
uma outra condição.

Manuela Barroso