sábado, 13 de julho de 2013

O vento







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O vento fala com as folhas das nuvens na sombra
da saudade

Páras a cada esvoaçar de tílias no chilreio dos pardais
dançando nos telhados quentes dos beirais

Que importa a visita pendurada da aranha na folha branca
das tuas palavras?
São patas batendo à porta de cada sílaba na vida de
cada pedra
No coração de cada folha cantam outras teias de
flores acordando tintas de madrugadas.

Descobre a transparência em cada erva,
flor selvagem
melro bravio
em serena vadiagem
Soletra os tropeços nas arestas do vale
e nas margens do regato
ouve
o teu sangue na vida que és
e quanto ela vale

Prende-a nos olhos do espelho de ti próprio
penetra no vale
tateia a beleza que foge nas tuas horas de ócio

Mergulha na calma do pó
sê tudo
sê nada

Sê tu
Só!

 
Manuela Barroso in "Eu Poético"