sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Minha Pátria!



Oh minha Pátria,              
meu berço
onde a esperança morre na saudade,
meu poema naufragado na indiferença
precipício ignorante
abismo de pobreza
eco morto no clamor da desigualdade
ferro e absinto
grilhões e privações dos famintos!
De que matéria é feita o teu fado?
De que bronze é esculpido o teu destino?
Acenda-se o archote
na bandeira do teu reino
e que as árvores falem de ti
no sangue da seiva,
no desespero da medula do grito.
É de sal o pão
e de pedra o coração
entorpecido no espelho de miséria
nas ruínas contorcidas.
Sufocaram-te
e vestiram de chumbo os teus filhos.
A chuva corre nos olhos desvairados
sem cais nem abrigo
dormindo no lodo apodrecido.

 A noite despertará
da letargia deste breu negro,
da esperança incerta, vadia.
Desta amálgama lamacenta,
na brancura de outras madrugadas
bambus impenetráveis despontarão
da aurora.
Se debruçarão
sobre silêncios ruidosos
de rosas vermelhas
que no chão
não cairão!

Manuela Barroso