Nos dias em que os rumores do vento da vida ensurdecem o pensamento, voo.
Preciso de pousar na escarpa mais íngreme da montanha
onde o remanso do azul me aproxima da Fonte.
É aqui que me purifico, sorvendo a frescura das águas límpidas
neste marulhar esvoaçante
que me acalma,
que sinto,
que não vejo:
indefinível aos sentidos.
Impotente, sem penas, choro a pena deste penar.
Limito-me a estender os olhos para que deles se soltem as asas
que limitando-me, as imagino.
E tanto me pesa esta ausência!..
Finjo que voo, que pouso naquela pedra já lavrada de musgo seco
onde se escreve como num papiro, a minha existência.
Deduzo que mesmo sem penas
é possível forjar umas outras Asas para subir a Vida.
Porque voar, é a forma mais fácil de caminhar!
Manuela Barroso