Enquanto o clamor das sirenes e o atordoar das bombas galopam incendeiam os céus, tento aquietar o pensamento dos devaneios imparáveis numa penitência tão, mas tão penosa!
As minhas luminescências são agora os relâmpagos cravados na memória cansada de tantas imagens coladas em incessantes tatuagens numa dolorosa impiedade.
A execrável insaciedade e ganância do materialismo ramifica-se em garras de nuvens negras num injustificado sadismo bélico fratricida onde as imagens de crianças são a mais dura faca que atravessa o coração dos mais fortes.
Incapaz de gerir este doloroso dia a dia, refugio-me na serenidade relaxante da música que me vai acalmando e da oração das Ave- Marias , numa fuga desmedida desta escuridão terrena , plena de perversidade de actos e desvalorização do plano espiritual, suporte das nossas fragilidades humanas e do qual somos as suas Criaturas.
Refugiando-me na casa da minha Paz interior, a minha imaginação vagueia por bosques, vales , prados, sol-poente ou a aurora do dia . E aquieto o meu sono colo da Virgem Maria.
Manuela Barroso