sábado, 1 de abril de 2017

São cordas...


 Jacek Yerka

São  cordas de violino as agulhas dos pinheiros.
Chorando,
são ecos de vozes 
tateando as fímbrias dos montes.
   .
A luz coa a acidez das 
sombras  no fogo das  resinas,
definhando os nervos da terra
que geme no refúgio das grutas .
Aí cantam os morcegos
na felicidade da cortina das teias.
 
Ninguém escutará a voz
encostada aos olhos das nascentes;
só o rosto do granito erguido
no moinho solitário do vale.

Amanhece. 
Uma chuva de sol
se espalha em delírio no orvalho das toupeiras
que rasgam a terra
em lábios verdes e floridos .

O pólen desce do campanário.

Mergulhando no chão,
outras flores virão,
fazendo dele um santuário.

 Manuela Barroso