sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Divagando








O sol já deita os olhos nas colinas que eu abraço...

...e a luz vai baixando oblíqua...num cansaço, num azul de céu transparente e doce que cobre a terra aqui , vestida de verde paz!
...e dos braços das árvores que abraçam o meu jardim, desprende-se uma e outra folha que baloiça graciosamente, pousando no chão, aconchegando-se placidamente a outras folhas irmãs...
Na melancolia deste tempo que cai, há uma metamorfose de vida com miscelânea de cores intemporais...
E tu, relva minha e meu regaço, tão sequiosa no verão, abandonas o teu ritmo mas não a tua vida! Cresces com passos lentos guardando em ti os segredos que te penetram...

...E a consciência do tempo levou as minhas andorinhas e com elas toda a sinfonia dos melros, piscos e tentilhões!
...fico aqui à vossa espera e quero não vos dizer adeus!
...e olho para o vazio do azul e vejo as nuvens patinando em ondas caprichosas que deslizam suavemente pelo ar!

Tudo é harmonia!
Tudo está no seu tempo!
Tudo está no seu momento!
Tudo é igual e diferente cada dia!

Manuela Barroso 


(Reeditado- Outubro de 2010)


11 comentários:

  1. Um texto contemplativo da natureza outonal, muito bem elaborada e cheia de nuances de colorida sensibilidade.
    Pena que este ano não tenhamos dias assim.
    Bj.

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  2. Ainda bem que reeditou. Textos tão belos merecem.
    Abraço e bom fim de semana

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  3. Bela entrada, minha amiga! E, depois, é ver o texto fluir no teu regaço e apreciar como o Outono se amacia ao teu olhar de poetisa intemporal.

    Beijinho.

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  4. E é muito bom quando somos capazes de observar as mudanças próprias da natueza, levando as andorinhas da nossa primavera, o calor e o sol do nossa verão até chegarmos ao Outono, onde as arvores se despem e deixam um tapete dourado sobre a relva verde. Que bom podermos dizer " que tudo está em harmonia, tudo está no seu momento, tudo é igual e diferente a cada dia ". Nem sempre estamos dispostos a concordar com a natureza, reclamando que o calor é muito, que o outono é triste , que o inverno nos faz tremer de frio e que a Primavera demora a chegar e a trazer-nos as andorinhas de volta. Somos muito inconformados, querida amiga.
    Lindo, como sempre! Desejo que estejas bem, cada vez com mais serenidade e menos tristeza.


    Ps. Desculpa, amiga, mas será que aconteceu alguma coisa com o meu comentário anterior? Sei que o fiz, mas como uso o tablet, pode ser que tenha havido algum erro. Se houve...paciência, não te preocupes!

    Beijinhos e boa noite.
    Emilia


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  5. há tardes assim - em que tudo é perfeito! e ameno.
    e se colhe a harmonia das coisas, antes de serem...

    gostei muito

    abraço

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  6. Nunca encontramos a forma definitiva do outono porque a paisagem muda a cada instante. É a voz da Poesia que faz arder os poente à passagem dos pássaros e por isso afirma "Tudo é igual e diferente cada dia!".
    Belíssimo texto, Manuela.
    Uma boa semana.
    Um grande beijo.

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  7. Enquanto assistimos à chegada da Primavera e ao voo das nossas andorinhas, bem te vis e sabiás dançando o seu balé no céu e nas árvores,do outro lado do oceano as folhas caem e enfeitam os gramados e os olhos de quem as vê.Há beleza em todas as estações...precisamos ter olhos para ver.
    Beijinhos, minha querida Manu!
    Marilda Vianna

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  8. A natureza vai mudando para que tudo fique (quase) na mesma no ano seguinte, não fora a errada intervenção humana.
    Excelente texto, gostei imenso.
    Continuação de boa semana, amiga Manuela.
    Beijo.

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  9. Mais um dos seus trabalhos, Manuela, que têm a capacidade, de nos calar as palavras...
    Que bom que o reeditou, caso contrário, talvez, não o viesse a descobrir... e será impossível, também eu, futuramente, não destacar esta perfeita maravilha, lá no meu canto... vou já avisando!... :-)
    Um beijo imenso!
    Ana

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