no cais da minha madrugada,
arrasta-me na sombra das tuas águas
para um porto florido
no infinito das minhas noites.
Quero ser o vitral que emoldura os meus
tédios,
na verticalidade das suas misteriosas cores,
transportando o seu estranho vulto,
numa consciência ausente
onde murcham os jardins,
como uma floresta de silêncios.
E abrir-se-á uma porta por onde entram brisas
que se escondem de mim,
perfumando o salão da minha alma,
como grinaldas de primavera,
entoando alegrias orvalhadas,
num cortejo de violinos,
tecido pelos teus dedos.
E o teu vulto circunspecto,
distante,
amorfo
e frio,
permanece imóvel,
em lábios húmidos
que procuram a sedução
no silêncio das horas da tarde,
que vão descendo em cortejo luminoso,
de inquietantes intensidades de entardeceres.
Serei para sempre
o pórtico de uma metáfora,
escrita no inconsciente de uma alma
sedenta de sorrisos de estrelas,
em cortinados de tédios,
no claustro da minha noite,
que assoma no nevoeiro incógnito,
atravessando o cetim das tardes,
com sabor a noite, na saudade do infinito!
Manuela Barroso, "Inquietudes"- Edium Editores
Tela- Daria Petrilli
Olá, Manuela.
ResponderEliminarUm lindo poema, que espalha lirismo!
Excelente poema, Manu.
ResponderEliminarUm abraço
Quando? Não sabemos e acho que isso é uma graça que nos dá a vida; há em nós a consciência, demasiadamente ausente por vezes, de que um dia os " jardins murcham e na floresta só haverá silêncios: " abrir-se-à uma porta por onde entram brisas perfumando as nossas almas " e seremos apenas estrelas que talvez sorriam para aqueles que connosco na Primavera " entoaram alegrias orvalhadas "e nesses ficará uma saudade infinita. O que seremos depois? Não sei, amiga! Talvez nos transformemos numa bela " metáfora " escrita na alma daqueles a quem demos tantos dos nossos sorrisos e para mim, acredita, seria o bastante.
ResponderEliminarE há muitos " quandos? " , todos diferentes, que nos inquietam nestes dias que a vida nos tem concedido e pensei neste, quando te li e reli, Manuela; não é um " quando ? " que me preocupa, mas antes o quanto farei sofrer no dia em que já não fará sentido a pergunta " quando ?"
Como sempre, amiga, fabuloso e também como sempre, misturei-me nas tuas metáforas, deixando " inquietudes " minhas nas tuas e..sem pedir licença. Beijinhos e que a serenidade seja uma constante de vossos dias.
Emilia
De sonho de flores a pórtico de metáforas, passando por vitral, o teu eu poético pode ser tudo...
ResponderEliminarGostei muito deste teu poema, é excelente.
Bom resto de semana, querida amiga Manuela.
Beijo.
"atravessando o cetim das tardes,
ResponderEliminarcom sabor a noite, na saudade do infinito!"
Magnífico, Manuela, este poema, onde se entoam "brisas orvalhadas", onde a linguagem estética nos diz que a poesia é uma arte das emoções...
Um beijo.
Um poema sublime!!!
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Maria
Uma tela de excelente qualidade, como é teu timbre.
ResponderEliminarGostei de cada detalhe e de cada prece.
Um poema sublinhado por um cortejo de violinos. Tão belo, minha amiga!
Beijo.
Querida Manuela
ResponderEliminarConfesso que tenho dificuldade em dizer seja o que for.
Este poema é tão lindo, percorre tantos caminhos, inclui tantas situações... que embriaga e só apetece dizer:
ADOREI!
Parabéns e obrigada pela partilha.
Bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
"Serei para sempre
ResponderEliminaro pórtico de uma metáfora,
escrita no inconsciente de uma alma
sedenta de sorrisos de estrelas,
em cortinados de tédios,
no claustro da minha noite"
Tão belo, Manuela!
Uma boa semana.
Um beijo.
Bom dia, o sonho das flores tem a virtude de criar poemas encantadores de fácil interpretação, é lindo.
ResponderEliminarSemana feliz,
AG
As suas palavras, Manuela, têm o dom de nos transportar para universos maravilhosos...
ResponderEliminarUm trabalho absolutamente incrível!
Para ler e reler... Adorei cada palavra!
Beijinhos! Desejando-lhe a continuação de uma boa semana...
Ana
O poema é uma maravilhosa expressão de belíssimos
ResponderEliminarsentires íntimos e sonhos idílicos...
Tocante e brilhante, querida poetiza.
Beijinhos
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ResponderEliminarSe me fosse possível prever quando desfolhar o meu destino estes versos seriam o meu lema:
Quando eu for um sonho de flores transparentes
no cais da minha madrugada,
arrasta-me na sombra das tuas águas
para um porto florido
no infinito das minhas noites
E então ficaria a saber que a minha caminhada não teria sido em vão pois sobrariam flores para enfeitar os meus dias.
Obrigada, Estimada Manuela, por este poema tão belo.
Bj
Olinda
Na indagação de um advir luminoso, este teu eu poético, esventrou todas as possibilidades líricas para sossegar a angústia de uma alma terrena irrequieta e inquieta. Mais que a indubitável beleza, relevo o alcance por detrás dela. Parabéns!!!
ResponderEliminarBj, Manuela