Arthur Braginsky |
Hoje acordou-me o rio de todos os afetos
Espreguicei-me nos limos suaves,
numa placenta morna protegendo-me dos ímpetos
numa placenta morna protegendo-me dos ímpetos
do bico dos peixes no voo das águas
Toquei a minha pele, nas entranhas, onde
as sensações se disfarçam nos mistérios
da vida
Memórias do inconsciente nas horas brancas
em que te embalava
no meu seio
Permaneço ainda deslizando sombras maternais
no regaço que
nunca arrefece.
Tenta demolir as pedras do abrigo materno!
Jamais apagarás os alicerces da
cidade que mãe construiu em ti.
Tu, mãe,
fonte de todas as sedes, onde morrem todas
as ânsias e todas as saudades, que vozes te
segredam a
ausência de ti?
Que sangue perfuma a transparência da tua alma?
Que pedra constrói o monumento da tua coragem?
Tu, que és mãe,
semeia de branco as constelações que fazes nascer
no perfume das
velas, na constância permanente
do teu amor
incondicional.
Tudo de ti vem, em
ti nasce afinal.
És tudo em todos
numa dimensão desigual
Manuela Barroso, in “Laços”-Dueto- Versbrava Editora