Foi ainda ontem que o tempo não morria
na estrada da minha pele!
Os olhos atravessavam as pedras nas micas
incandescentes de agosto, cheiro a mel
E as rosas...
-ah, as minhas rosas!-
choravam as pingas de sulfato das latadas em flor!
E eu corria menina nos canteiros
com margaridas sorrindo pelo meio!
Que bom saltar à corda ,à macaca e às casinhas
não saber ler a lua nem Vénus à noitinha
correr por entre o centeio que arde
no rubro sol da herdade...
Fazer tudo
fazer nada
somente o lanche da tarde
Ah! morangos pequenos silvestres num creme
de açúcar e Porto na delícia de um recheio
da torta saída do forno e chocolate pelo meio..
E as delícias de amoras colhidas entre os picos
amansados com a língua com as pintas de salpicos?
E o sol ardia na pele e quanto mais ele batia
mais em fogo me fazia na praia do meu jardim
E nos vestidos rosa, de alça, eu mostrava a minha cor
e a graça de andar descalça na relva bordada a flores.
Ah, tardes na minha casa, meu descanso, meus jardins
que eu regava à noitinha com o canto dos chapins
E põe-se o sol lentamente
ontem , hoje e amanhã
já não como antigamente...
Hoje foge a vida a correr
fugindo de mim também.
Mas antes também fugia
porém, com outra magia.
Agora...
Ai, agora corro tão calmamente
saboreio cada hora
que quando vejo correr
os olhos gritam...
Pára, fica, demora!..
Dói-me ter que parar
na metade do caminho...
E...
pouso o rosto entre as mãos
dobrando os dedos na face...
-dói-me o peito ou o coração?
Ah, dói-.me antes a carne
porque a alma...
essa, não!
Manuela Barroso, in "Eu Poético"
Tela:Volegov
ResponderEliminarComo escreves assim tão lindo?Penso... Então a resposta chega em cima da pergunta...
Manu, Como teu coração é belo!
E ele se veste em poesia e escorre entre nossos olhos como luz e ternura.
Bom dia minha querida!
PS: deixei duas fotos minha naquele texto que me perguntas se sou eu. Vá lá me conhecer.
Beijos
És uma poeta,Manuela!
ResponderEliminarNão sei se estás me seguindo ou eu a vc
Se não estiver,siga-me que farei o mesmo.Caso esteja,diga-me também para que eu a siga e divulgue seu blog.
Obrigada pelas visitas
Beijos
Donetzka
E foi ontem mesmo...não sei se por coincidência ou não, mas foi ontem! Ao olhar para umas amoras...limpinhas...brilhantes dentro de uma caixinha transparente, parei e voei; voei até àquela estrada de chão...de terra batida, cercada de silvas e revi- me com a criançada em alvoroço; por entre os picos eram apanhadas todas...todas as amoras;as pequenas e as grandes...as mais pretinhas e as mais avermelhadas; algumas doces como mel, outras nem tanto; lá eram elas mastigadas junto com o pó que as salpicava e que parecia adoçá-las ainda mais; gargalhadas misturavam-se com as palavras :" ai gostas de amoras??? Vou dizer ao teu pai que já namoras ". Mais gargalhadas, mais correria, mais amoras. Que sabor tinham elas!!! Como eram saborosas!!! E a vida assim corria, mas não importava... era toda nossa, a vida...queriamos que corresse para com ela corrermos também. Hoje pedimos que pare..pedimos que nos dê muito tempo, não para apanharmos aquelas amoras...já lá não estão, nem elas, nem as silvas sequer, mas para, com a calma que quisermos podermos olhar para as que estão ao nosso dispôr e com elas voarmos até às outras; fechamos os olhos e observamos aquele muro...naquele caminho...carregadinho de silvas; lá estão elas, as amoras...mostrando a sua cor...oferecendo o seu sabor
ResponderEliminarFoi ontem, Manuela, mas é como se fosse hoje.
Obrigada mais uma vez por me teres levado à minha infância, uma infância humilde, mas muito, muito feliz.
Um beijinho e fica bem!
Emília
É hoje que o tempo não lhe morre, Manuela! Pois que em si, carrega eternamente as emoções do seu caminho... sem idade... sem tempo... sempre presentes!
ResponderEliminarMuito Obrigado,
Bjnho grande
Nuno
Manuela, Manuela! Tu és demais guriazinha! Incrível o quanto dás vida às palavras. Lindo demais! beijos,tudo de bom,chica
ResponderEliminarManuela,poesia belíssima e de grande sensibilidade!Como gosto de te ler!Saio voando em teus versos!bjs,
ResponderEliminarQuerida teu texto poético veio desta alma de flores que possuis.É tua meiguice que derrama palavras perfeitas e compõe beleza.
ResponderEliminarEscreves lindamente amiga poetisa.Meus aplausos"Foi ainda ontem que o tempo não morria
na estrada da minha pele!"Perfeito!Viajei contigo no ontem e no hoje.
Flores, muitas para você.Eloah
Aplausos... Amei! "Foi ainda ontem que o tempo não morria
ResponderEliminarna estrada da minha pele!"
Ainda ontem... está tão presente no hoje.
Um abraço cheio de delicadezas!!
A gente se insere, nesse caminho tão cheio de encanto, na simplicidade da vida, saboreando esse seu diálogo, consigo mesma, e a um só tempo partilhado com todos...Muito lindo!
ResponderEliminarUm beijo, Manu
Sem palavras, Manuela!
ResponderEliminarDeixe-me saborear esta poesia deliciosa, mas devagar que tenho pressa...
Que poema maravilhoso!
ResponderEliminarNem sei bem definir os sentimentos que despertou em mim...
Voltei à infância? SIM! Sem dúvida!
Tem um ritmo tão intenso, uma sensibilidade tão genuína... enfim, é duma beleza indescritível.
Momento especial, este que passei lendo.
Obrigada, minha querida, por me proporcionar este encantamento.
Beijinho GRANDE
Sabes dar sentido ao nosso coração lindo.
ResponderEliminarBeijo Lisette.
Boa noite Manuela!
ResponderEliminarNão podia deixar de vir apreciar as novidades, apesar da falta de tempo e do cansaço.
Como me vi, também eu, retratada no teu maravilhoso poema. Tens um dom especial de escrever com uma pureza e uma sensibilidade enormes, uma criatividade sem limites!!!
Ah! Esse tempo da infância, das ilusões, das brincadeiras simples e que nos faziam tão felizes!
Agradeço-te estes momentos tão belos.
Um abraço.
M. Emília
Que poema mais vivo!! É voltar no tempo e trazê-lo para o presente, sentindo os cheiros, os barulhos, as texturas... obrigada por esse momento!! Bom fim de semana!! Beijus,
ResponderEliminarPoesia de mais alta qualidade minha amiga.
ResponderEliminarEste olhar sobre o dia carregado de lembranças tantas,ficou maravilhoso.
Parabens sempre por este belo poetar.
Grato pelo carinho na minha ausencia.
Bom voltar a este meio maravilhoso.
Um lindo fim de semana a voce,como meu abraço de carinho e paz.
Bjo no coração.
Enquanto lia pensava naquele bolo crocante com calda de morangos...lá do 'sabores' rs
ResponderEliminare essa tela é maravilhosa... nossa como temos artistas natos uns pintam outros poetizam _ e nós nos deliciamos! rs
kiridíssima seu poema cheira a rosas e tem sabor de mel.
É mágico , não deixemos a vida correr sem que tenhamos vivido tudo que ela nos oferece ...
Gosto muito de ti,
deixo abraços e carinho
Bravo poetisa, Ai, agora corro tão calmamente
ResponderEliminarsaboreio cada hora
que quando vejo correr
os olhos gritam...
Pára, fica, demora!..
Momentos que guardamos para sempre, no coração, me encantei, bjs
As lembranças de outros tempos deixam por vezes uma sentida nostálgia no nosso coração.
ResponderEliminarUm poema com alma, lindo e sentido.
Beijinhos
Maria
Linda poesia, me faz para para relembrar. Para que temos tanta pressa, se teremos que parar um dia e só viver de lembrança.
ResponderEliminarBjos e tenha um ótimo início de semana.
Querida Amiga
ResponderEliminarSe as palavras (apenas as palavras) nos transportassem ao sonho e fumos do passado, talvez nos faltassem, como nos falta retroceder no tempo.
Uma única palavra: DIVINAL.
Beijos
SOL
Que belo poema, Manuela amiga! Truxe à mimnha memória um texto meu sobre a minha briga com o tempo, do qual aqui partilho um pequeno excerto:
ResponderEliminarDe novo às voltas com o “problema” tempo, sou levado a pensar que a solução estará tão dentro, tão dentro que, por mais que queira, não a vislumbro! Ou antes, tão à vista, tão ali ao pé, tão a jeito de quem queira, efectivamente, resolver que é possível que a chave esteja “aí”, no… “querer”! (in "Depressa é algum tempo...")
Fraterno abraço, com amizade e estima!
Quicas (Joaquim do Carmo)
Agradecendo o beijinho :) venho desejar um óptimo feriado.
ResponderEliminarE se não nos "virmos" antes, desejo também um bom fim-de-semana.
Beijo carinhoso
Manoela
ResponderEliminarQue maravilha de poemas. A dor que li fica pura e limpida
com carinho Monica
Comi um pedaço do teu poema ao pequeno almoço (os morangos foram todos, a torta ficou a meio e ainda comi algumas amoras...). Mas a culpada és apenas tu, já que fizeste um delicioso poema...
ResponderEliminarNa verdade, achei o teu poema excelente, minha querida amiga Manuela.
Tem um bom feriado.
Um abraço imenso.
ResponderEliminarMANELA
Obrigada pela visita
Depois de andar adoentada e preocupada voltei...
vou ler poesia e...escrever poesia
deixo Amor,Amizade e muito carinho.
tive mesmo saudades...
beijos
Uma visita à meninice feliz, despreocupada.
ResponderEliminarO crescimento que traz desilusões...dizem que é a vida.
Eu acredito que são as mudanças constituintes de cada existência.
Nostalgis da magia da ingenuidade e da felicidade sem quereres..
Beijinho
Uma visita à meninice feliz, despreocupada.
ResponderEliminarO crescimento que traz desilusões...dizem que é a vida.
Eu acredito que são as mudanças constituintes de cada existência.
Nostalgis da magia da ingenuidade e da felicidade sem quereres..
Beijinho
Uma visita à meninice feliz, despreocupada.
ResponderEliminarO crescimento que traz desilusões...dizem que é a vida.
Eu acredito que são as mudanças constituintes de cada existência.
Nostalgis da magia da ingenuidade e da felicidade sem quereres..
Beijinho
Tens um dom nas palavras, beijo Lisette.
ResponderEliminarMuito bom texto.. MESMO
ResponderEliminarOi Manu
ResponderEliminarUm bom abraço vim trazer e avisar que 'roubei'um poeminha seu pra deixar registrada minha singela admiração.
Suas poesias são belíssimas muito muito muito, mas quis mesmo ali foi juntar amigas ,
te abraço e te mando carinhos
Talento, tanto talento. Que saudades de passar aqui! beijinhos
ResponderEliminarOlá Manuela;excelente poema....
ResponderEliminarCumprimentos
Es impresionante tu poema. Enhorabuena
ResponderEliminarun abrazo
fus
Manoela
ResponderEliminarE sempre bom reler seus poemas. E toda vez que leio me dá vontade de comer um morango.
com carinho sua amiga Monica
Boa noite, anjo Manuela!
ResponderEliminarQue bom, que engrandecedor, é sempre ler o que escreve!
Parecem ribeiras bravas, que lhe saltam das mãos e da mente. Como consegue isso? Se lhe for possível, dê-me, por favor, a "receita".
Não vim comentar as suas obras de arte escrita, porque não o estou a fazer em nenhum blogue, mas sim, oferecer-lhe flores multicolores e deixar-lhe muitos beijos e abraços saudosos.
Tenho saudades suas, dos seus comentários e do seu sorriso.
Tenha uma noite de estrelas a cintilar no peito.
Beijos da Luz, com muito apreço.
Querida amiga
ResponderEliminarMesmo as palavras
nascidas da dor
tem seu encantoo
e a sua magia.
Que sempre haja em ti,
tempo para cultivar a alegria.
Voltei e de novo me empanturrei das delícias poéticas das tuas palavras.
ResponderEliminarUm beijo e um bom resto de semana, querida amiga Manuela.
Querida Manu
ResponderEliminarUma bela tela! Um belo poema! Uma viagem maravilhosa de regresso à infância feliz e cheia de poesia.
Atualmente, cansada mas com a alma feliz. Que bom!
Que maravilhoso poema! Que deleite!
Poema espantoso,magnífico,soberbo,mágico,excecional,admirável,excelente.
As minhas felicitações.
Beijinhos da
Beatriz