Sinto
percorrer-me a pele, os olhos cansados das folhas caídas.
A canção das
árvores acorrenta esta fome de Te encontrar. Invade-me o tédio deste ar taciturno que morre aos poucos
nos escombros do dia.
Apresso-me a colher os últimos frutos nesta sede de nada,
feito chá da tarde.
Arrasto o olhar nos esconsos inertes, tão frios, cheios de vazios.
Fixo o silêncio na monotonia vaga que me procura e anestesia,
nesta luz que dorme que nem é noite nem dia.
Prolongo o meu êxtase na vastidão de ausências que já não sinto.
Apenas desejo a saudade que já não tenho.
Mas este penoso bem-estar eleva-me para os penhascos altivos
e solenes de fim de mundo num calmante sossego de solidão
na quietude dos vazios.
A urze já se foi com o tojo da minha serra.
Mas a semente penetra na terra para voltar a sorrir
a minha alegria na nova primavera.
As flores não são as mesmas? Deixá-lo!
Eu também não serei mais quem era
sou também outra Primavera.
Manuela Barroso
Imagem-Net
Andamos pelas PRIMAVERAS, mas muitas vezes carregando as nostalgias dos OUTONOS...
ResponderEliminarLindo poema, minha querida!!
Todo cheio de sentimentos e emoções intensas...
Assim são alguns seres - aplacados de sensibilidades!!!
Lindo dia!!!
Lindas transformações tão bem sentidas e expressas aqui! beijos,chica
ResponderEliminarLindo poema! As flores não são as mesmas, o céu não é o mesmo, tudo muda sempre, embora não se perceba...
ResponderEliminarAdmirável a espiral de desalento com indícios de esperança no que há-de vir.
ResponderEliminarUma maravilha.
"Eu também não serei mais quem era
ResponderEliminarsou também outra Primavera."
Linda conclusão poética do movimento da vida.Escrevestes lindamente esta passagem de solidão e quietudes dos vazios para alegria de novas primaveras.Como sempre precioso texto!Amei bela amiga Manu.Bjs Eloah
Fabuloso...
ResponderEliminarSimplesmente belo.
Bjos Marisa
"...de ausências que já não sinto...Ahhh saudade onde tu andas???
ResponderEliminarPaz e bem
As folhas caídas, o tapete do passado, adubam as esperanças coloridas fundamentam-se para viver uma Primavera que ainda faz folia no coração.Lindissimo jogo de figuras Manuela.
ResponderEliminarGrato sempre pelo carinho.
Meu abraço com carinho e admiração.
Beijo poesia.
Minha querida Manuela
ResponderEliminarComo sei do que falas neste belo texto...como sei desse despir de tudo o nos iluminou a vida e nos tatuou sorrisos no rosto e depois nos cinzelou a tristeza em cada poro da nossa pele.
Como sempre saio daqui emocionada porque me leio em cada linha do que escreves tão sublime e sem querer chove-me no olhar.
Um beijinho com muito carinho e admiração.
Rosa
Magnífico! Primoroso. Encantador.
ResponderEliminar(Não tenho outros adjectivos. Perdoa)
Beijos
SOL
Manoela
ResponderEliminarSua poesia é bela demais!
Eu também queria saber fazer poesia para dizer o tanto que sou agradecida pelos meus amigos portugueses me terem por amiga.
E peço sempre pra Nossa senhora abençoar este povo que aprendi a gostar por causa do blog.
com amizade e muito carinho MonicA
Diferente por certo mas eternamente bela.
ResponderEliminarBem haja!
Cara Manuela,
ResponderEliminarTua Primavera partiu daqui linda, saudável e rejuvenescida no último solstício. Deve estar neste momento cruzando, no meio do Atlântico, com o Outono, que zarpou daí para cá no mesmo dia. Imagino que as duas vagarosas naus estejam saudando-se com apitos e bandeirolas, uma com velas floridas e a outra com panos vermelhos e dourados. E ambos chegarão - um aqui, a outra aí - no próximo equinócio.
Mandei-te por ela raios de sol, embalados em arcos-íris, e muitas flores e sonhos e risos e beijos. Creio que chegarão bem.
Manoela
ResponderEliminarE verdade. A História do Brasil contada por nós e feita com dois povos que souberam na verdade VIVER.
Mas eu nao importo. Eu acho divertida conta-la sobre os dois aspectos.
Quando fui em Lisboa trouxe um livro sobre Carlota Joaquina e ri muito. Dei de presente para minha prima que é historiadora.
A mamae é que contou a história da fazenda de seus avós. Meus bisavos.
Do lado do papai somos descendentes de portugueses. Ele veio de portugal e comprou umas terras aqui e o patrao nao gostou. Acabou ficando. Acho que por isso gosto tanto de Portugal.
Vou ver se acho um bolo de fuba bem fácil pra voce fazer e ficar igualzinho os daqui.
Tenho uma comadre perita em bolo de fubá.
comc carinho Monica
Os pássaros que cantavam ao entardecer na palmeira junto do meu prédio, já não aparecem; estão como eu... cansados dos dias taciturnos..." tão frios, cheios de vazios". Foram para outras paragens como a minha alma também vai, mas voltarão assim como ela sempre volta; às vezes mais quieta...mais serena; outras porém preocupada...parece aflita...angustiada. Quer ver sol a minha alma...flores e pássaros; quer a Primavera, embora saiba que não será a mesma; não serei eu também a mesma, Manuela, mas...estarei pronta a saudar com alegria os pássaros de novo na minha palmeira... que também já não é a mesma e não o será na Primavera; está lá...lá estará e eu também se a vida assim o permitir. É assim a vida...sempre diferente, mas sempre vida e, como diz Guimarães Rosa" o que ela quer de nós é coragem " para saber vivê-la com todas esta diversidade de sensações e constantes adversidades. Obrigada, amiga por este belo momento. Um beijinho carinhoso e boa noite.
ResponderEliminarEmília
Um belíssimo poema de renascimento pessoal e temporal.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Este sentir quase aflitivo de indefinido e triste...conduz-me para este 'penoso bem-estar' que é a minha condição de momento.
ResponderEliminarNão fossem os dias já serem maiores e o ânimo andaria desaparecido.
Sentes e sentes...sem nunca te cansares de sentir.
E pode ser uma canseira...sentir.
beijinho
Minha querida:
ResponderEliminarUma coisa certíssima que disseste:Todos os anos serás outra Primavera e mais rejuvenescida,como as flores.
Parabéns,parabéns,nunca me cansarei de te felicitar.Escreves cada vez melhor!
Beijinhos da
Beatriz
A nostálgia de ver passar o tempo.
ResponderEliminarBelissimo poema.
Bom fim de semana
Beijinhos
MAria
Manuela: Diferente mais lindo e belo adorei
ResponderEliminarBeijos
Santa Cruz
Excelente.
ResponderEliminarA tua poesia encanta-me sempre.
Parabéns pelo talento, querida amiga.
Manuela, desejo-te uma óptima semana.
Beijo.
Olá Manuela, belo poema...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Gosto de pensar na
ResponderEliminardireção desses teus versos
abaixo:
"Eu também não serei mais quem era
sou também outra Primavera."
Lindo blog,
ja seguindo voltarei.
Belo tempo de carnaval pra voce.
Bjins
Catiaho Reflexo d'Alma
Às vezes é difícil qualificar uma obra prima. Só contemplá-la, admirá-la, senti-la. Assim é com este magnífico texto. Ler, admirar e sentir.
ResponderEliminarBeijinho
Olá Manuela!
ResponderEliminarO teu poema está maravilhosamente "construído". Fala da natureza e as suas mutações e dos seres sensíveis que nela habitam . Veio-me à ideia o último terceto de um soneto de Rodrigues Lobo:" E lá virá a fresca Primavera./ Tu voltarás a ser o que eras dantes/ Eu não sei se serei quem dantes era."
Boa semana. Um beijo.
M. Emília
Oi amada amiga!
ResponderEliminarEstamos sempre em mutação... seremos outra primavera! Parabéns pela belíssima tessitura literária.
Beijinhos de estrelas
Oi Manu
ResponderEliminar'êxtase na vastidão de ausências'_ não quero prolongar, volto apressada pra tirar o atraso e a saudade.
Esse poema é muito lindo, como tudo que escreve ,
deixo-te meu abraço amigo
É verdade, minha querida! Nunca ninguém consegue ser mais quem era. A primavera passa por nós na rapidez do tempo, porém a beleza sublime do seu poema, será eterna.
ResponderEliminarChorei!!!
Beijinho amigo e uma flor.