Cobre-se a imaginação de nada.
Embrulho o pensamento com o manto branco da paz.
A mente desdobra-se em argumentos para matar a sua saciedade.
Mas em vão.
A imaginação aliou-se ao pensamento e caminharam em direção ao deserto, onde o vazio preenche o vazio.
A imensidão da areia fina e branca é o prelúdio para o pensamento vago,
voando por este mar branco e árido e cheio de nada.
Céu longo.
Numa abóbada gigantesca, é a Criação que nos liga ao Infinito.
E, entre o deserto e o céu, só as miragens preenchem o vazio.
São abstratas.
E o pensamento acalma a imaginação.
E o vazio começa a preencher o espaço e o tempo.
E o espaço e o tempo começam a desistir.
Já não existe nem espaço nem tempo.
O pensamento entrou na antecâmara do Universo e foi atraído por ele. “Volatilizou-se” e disse não à resistência.
E encontrou-se no vazio.
E encontrou a calma e a quietude.
Pousou na serenidade.
E este vazio não era o nada, era o tudo, porque era o vazio do silêncio onde o pensamento repousava na tranquilidade adormecida.
E o pensamento, solto das amarras da mente, caminhou nas areias da imaginação.
E adormeceu.
Sentiu-se luz e sombra, tudo e nada.
E nesta libertação meditativa, adormecia nas areias da paz, na lonjura do deserto.
E as teias da vida acordaram-no para a realidade e o vazio foi-se preenchendo com o ruído e confrontos cerebrais. E foi -se deixando morrer...
E o vazio de tudo deu lugar ao vazio de nada.
E acordou o turbilhão da mente.
E o pensamento começou a deixar-se morrer também, como uma flor que a imaginação aprendeu a amar, alimentando-o tantas vezes de utopias...
Mas a mente desprendeu-se como um iceberg, arrastando os flocos da imaginação numa gigantesca bola de neve...
E a quietude do vazio dava agora lugar a avalanches e tempestades brancas, que de paz, só falava a linguagem da sua cor.
E voltou a realidade.
Fria e branca
Branca e fria!
Manuela Barroso
Pintura de Thomas Spence
Manuela,que profundo, intenso poema.
ResponderEliminarAmei te ler.
Beijinho
Manu amada, O pensamento tem que estar sustentado pela nossa imaginação e pela vontade...eles se unem e fabricam os nossos sonhos...utópicos?Talvez,mas a vida precisa de nossos utópicos sonhos a nos conduzir.
ResponderEliminarBjsssss,
Leninha
A realidade vai ganhando pela persistência...
ResponderEliminarO teu poema é excelente. Leva-nos pela mão da tua mente aos confins do teu pensamento poético e traz-nos de volta è crua realidade. Gostei de viajar contigo nas tuas palavras.
Manuela, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Abraço.
Por mais que a realidade possa ser fria e branca, ou por vezes cinzenta e escura, sempre existirão as cores na memória, na imaginação e nas palavras.
ResponderEliminarTexto excepcional!
beijo, minha amiga.
Linda amiga,a mente voa, tece imagens e qual fetiche energizante, vai vagando, trabalhando, resgatando, retendo e criando detalhes e fantasias.
ResponderEliminarEm um dos meus textos digo que o pensamente é o barulho dos sentimentos e o eterno ciclo da mente.Despir-se deles
impossível por mais envolvidos pelo silêncio que estivermos.Lindíssimo teu poema.É nestes momentos em que procuramos o silêncio que nos refazemos e nos revigoramos para a caminhada.Grandes voos minha amiga. Bjs no coração Eloah
Nossa! E aqui cobre-se, veste-se de flores e voa na imaginação ao um paraíso onde só as letras podem descrever...
ResponderEliminarParabéns Manoela!
Entendi que você desejou passear pela natureza lá meu cantinho, mas infelizmente não teve acesso. Sim, eu estive hoje modificando algumas coisinhas por lá, por razão disto eu o desativei enquanto mexia por lá!
Mas já o ativei de novo! Tentarei fazer um tempinho este fim de semana para postar novas imagens por lá! Aguarde!
Um lindo e inspirado fim de semana para você!
Meu carinho!
Ange.
Bom dia Manuela, para você adquirir a revista Mostra Plural, basta enviar o seu endereço completo para o meu email: francysoliva@gmail.com assim posso lhe enviar a revista,ok.
ResponderEliminarPS: bela prosa poética.
bjs
Os pensamentos vem sem que muitas vezes os desejemos; aparecem constantemente uns após os outros sem os podemos travar; às vezes queremos isso, mas eles "martelam" a nossa mente e daí a nossa imaginação surge e vai longe muitas vezes para onde desejaríamos que ela fosse; mas quantas vezes pomos um travão e vemos-nos a dizer a nós mesmos..." pára...não sonhes com isso...volta à realidade.Por momentos conseguimos, mas...lá voltam os pensamentos de novo...sempre aqueles que nos afligem e que nem a noite os faz voar; ficam...e teimosamente empurram o sono para bem longe.
ResponderEliminarComo sempre, dá gosto ler as tuas magníficas palavras, alinhadas de maneira tão bela. Um bom Domingo e uma excelente semana, amiga!
Emília
Manuela querida retornando com força e muita Fé em Deus!
ResponderEliminarA vida é um presente de Deus,mas saber viver é
um presente de sabedoria!
Obrigada pelo carinho e linda tarde de Domingo!
Amigos dizem eu te amo...risos,
expressão de carinho!!!
Só o amor constrói....
Paz e luz para humanidade
Sua imaginação repleta de lindas imagens se uniram às palavras e o maravilhoso poder do pensamento, operou o fabuloso milagre da BELEZA de POESIA que aí temos, nos deliciando neste "mundinho" virtual do meu pequeno aparelho real...
ResponderEliminarUm beijo, Manu,
da Lúcia
Gosto tanto da forma que tens de contar poesia, como uma história contada em ondas. Adorei. A imagem é linda
ResponderEliminarIntenso e sofrido!
ResponderEliminarMas de uma enorme sensibilidade e beleza...
Esse vazio é um frio que nos gela por dentro.
É urgente preenchê-lo!
Beijinhos.
Manelinha, o teu belo texto sugere-me a viagem perseguida por quem, através da meditação, pretende quebrar todas as pontes e, em êxtase, regressa depois, limpo e límpido à banal sucessão das horas.
ResponderEliminarBeijo
Os seus poemas são na minha modesta opinião muito bons. Intensos e envolventes.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Fria e branca
ResponderEliminarBranca e fria!
Tão diferente de tua imaginação, sempre quente e brilhante para produzir textos assim. Meu beijo.
Bonito e interessante pensamento solto pelas areias da imaginação!
ResponderEliminarBonita tb a pintura, gostei imenso!
Bjs e boa semana.
Manuela, Querida
ResponderEliminarQuase me permiti seguir a tua viagem.
"(...)E o pensamento, solto das amarras da mente, caminhou nas areias da imaginação.(...)".
Mas acordei.
Eu não posso fazer tal, porque esta não é, não foi, a minha viagem, embora o pensamento a siga contigo.
Um texto magnífico e de profunda meditação.
Parabéns, Amiga.
Beijos
SOL
http://acordarsonhando.blogspot.com/
Manu querida,
ResponderEliminarNovamente aqui a reler teu texto/poema e a me deixar levar pela imaginação...tu me conduzes...a sonhos,a devaneios e a encantamentos.E não quero acordar,quero sentir e viajar contigo...
Bjssssss e uma linda semana,
Leninha
Minha querida Manuela
ResponderEliminarLer-te é adentrar no mais profundo da tua alma de poeta...no mais profundo sentimento de Mulher.
E...deixaste-me sem fôlego...EMOCIONANTE...achei-me em cada frase.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Ando perdida nesse vazio, será que encontro esse silêncio porque o meu vazio definitivamente faz muito barulho...
ResponderEliminarbacio
Quando der, passe pelo meu cantinho .
ResponderEliminarhttp://amulhereapoesia.blogspot.com/
Obrigada
Um abraço
É, Manuela!! Às vezes o silêncio faz mais barulho que a coisa mais barulhenta!! ;) O silêncio absoluto faz falta, sem ele a alma não navega!
ResponderEliminarBoa semana! Beijus,
Excelente texto parabéns
ResponderEliminarsó hoje respondo a visita ao meu cantinho
Só hoje fiquei tranquila para o fazer.
esta lareira não era uma lareira qualquer
era a minha lareira.
e era a minha preocupação..
O meu marido ia ser operado.eu estava muito preocupada e sem animo para muita coisa.
Mas a operação correu muito bem e ele já está em casa.
ontem tbm fiz uma pequena cirurgia à boca para implantes e vim muito debilitada e nem abri o pc.
hoje venho dar-vos um beijo e partilhar convosco a razão da minha ausência..
beijosssssss
LAREIRA
Lareira acesa...
Lareira quente...
Vermelha muito vermelha...
Cheia de cores...
Que aquecem...
E me deixam encostar...
O meu rosto ao teu...
E dizer-te baixinho...
Fica aqui...
E deixa-me ficar...
Sempre assim!...
LILI LARANJO
espero que o meu comentário tenha entrado pois estava dificil..
ResponderEliminarbeijinhos
Manuela
ResponderEliminarMais uma "viagem" pelos caminhos do tudo e do nada, na busca do silêncio enquanto plenitude de espaço e tempo! Utopia?! O "tudo" assumindo-se de dentro do "nada" que, por definição, não tem "dentro"?!
Muitos mais desertos terão que confrontar-se com o frio da areia que já esqueceu o sol... e implorar-lhe a cor capaz de a aquecer! Essa luz... Um espanto só, de poema!
Fraterno abraço
Quicas
Acordou para a realidade e o "vazio foi-se"!
ResponderEliminarComo sempre a excelência de um belíssimo texto. Um prazer ler!
Obrigada
BS
Assim, poeticamente, quanto distam essas miragens das que me punha o professor de matemática nos problemas de trigonometria!
ResponderEliminarBelo, este poema pensamento, rico em matizes nostálgicos e metáforas de ternura, que obrigam à meditação, mais bem a uma reflexão profunda. Gostei!
Um grande abraço