quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A NATUREZA TAMBÉM CHORA (Cont.)

As folhas...deixam a descoberto, um corpo agora esguio...

...Cai chuva na Natureza e cai no meu coração...

Lá longe o horizonte fica cada vez mais sombrio.
É a hibernação do sol...
A luz torna-sa cada vez mas mole, cada vez mais difusa com este abat-jour cinzento-prateado.
E o mar arrasta a chuva que se mistura na espuma das ondas que correm para a praia como que a fugir de si próprias...
...E embatem contra as rochas borrifando salpicos desmedidos...
E a chuva cai aos solavancos, ao sabor da fúria do vento.
Observo e tento interpretar o som desta linguagem...
Perco-me em mim...
E a imaginação vagueia e solidifica-se na vidraça.
A chuva começa a pingar no meu pensamento ao ritmo das recordações...
E do céu dos meus olhos caem gotas salgadas como as do mar revolto...
E como num bailado, escorrem do peito da vidraça, as gotas doces da chuva numa harmonia enternecedora...
Por momentos tudo parou em mim.
Naquele instante, o microcosmos que eu sou, sentiu-se fundido com os mistérios insondáveis do Universo!
...E enquanto a vidraça chorava, acordei do meu torpor, aconcheguei-me em mim, saboreando o aconchego do meu mundo.
Na impotência de acalmar a Natureza, deu-me o Universo a capacidade de contornar os ventos da alma, transformando-os em brisa morna em noites tropicais!
E volto a encontrar-me!













4 comentários:

  1. As gotas de chuva vêm lavar a vidraça, percorrendo-a lentamente e tornando-a transparente, desprovendo-a do pó da terra. Tambem as gotas salgadas que dos olhos se deixam tombar, lavam a alma e percorrendo a face em ritmo proprio, trazem consigo a proximidade da luz leve de um sorriso que quer romper. E é esse o reencontro de quem um dia se perde na tempestade do pensamento humano...

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  2. Num inverno de um descontentamento nosso, uma descrição dolente e triste, mas real, de um inverno que passa por nós.
    Mas os dias estão a crescer.

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  3. ...e o sorriso irá reencontar-se com a luz dos
    dias de primavera!

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  4. Querida Manelinha
    As folhas, caindo, revelam a «nudez forte da verdade» das árvores!
    Como a Natureza triste, porque é inverno, nos pode entristecer!
    Mas como somos fortes o suficiente para nos darmos conta do aconchego que conseguimos para nós!
    Grande é a tua alma e enorme a tua sensibilidade!
    Bom fim de semana.
    Um beijinho
    Beatriz

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