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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

EU E O TEMPO..



"Não voltes ao mesmo sítio onde já foste feliz."

Mas voltei.
E o tempo é o venerável mestre! Dá. Tira. Cura!... Tudo num círculo vicioso, que se torna viciante.
Com a dança da Vida,o inconsciente adapta-se espontâneamente aos tempos...e tempo!E é a impermanência do Tempo que nos torna sábios e coerentes com o nosso Eu, porque na enxurrada da vida não podemos sucumbir facilmente aos naufrágios que a violência do tempo nos impõe.
...E, onde ontem vi o sol meigo e amante, onde senti o ar reconfortante, aconchegante a afagar a minha pele, onde confundi as gaivotas com as rochas vestidas de iguais penas...hoje tudo estava em sobressalto com a força da natureza.
Resguardada pela enorme vidraça que me separava do mar, penetrei no horizonte. Tinha um semblante sombrio e triste deixando trespassar o seu mau humor.
As núvens corriam apressadas, escorraçadas pelo vento que se infiltrava nos nichos, deixando um assobio arrepiante...O mar, onde antes mergulhara o meu olhar, lavando os meus pensamentos, batia agora com raiva indignado com a força da maré! E a espuma subia, raivosa,
quase até à vidraça e juntava-se-lhe a chuva que escorria e pingava em lágrimas como num choro convulsivo...
...E olhava...pensava, meditando neste tempo, naquele tempo,nos tempos...
Despertei deste torpor meditativo e voltei ao Agora.
O tempo muda, os tempos mudam...
As coisas mudam, as pessoas mudam...Mas não quero mudar a não ser no que não posso controlar. A minha essência é e será imutável
Porque sou.
Não sou tempo
Sou para além do Tempo!
E
Quero albergar em mim, não o tempo dos vendavais, mas o tempo da paz, da quietude, da mansidão, da bonança.
Queria ser uma luz que não se apagasse com o vento
Uma luz suave presente na escuridão.



3 comentários:

Anónimo disse...

Doce Manuela,
Seremos sempre uma luz, que não é apagada pelo vento porque essa luz será vento,será ar,água, terra e fogo.
Talvez seja bom regressar aos lugares onde fomos felizes,talvez lá ainda exista essa marca, essa energia do êxtase que lá vivemos, invisível aos olhos, mas que nós sentimos no mais profundo do nosso ser.
"Nunca voltes ao lugar, onde já foste feliz,
...só encontrarás erva rasa, por entre as lajes do chão..." diz o poema... e até pode ser, no entanto essas lages têm a marca do que vivemos, são parte de nós.

Obrigada Amiga,

Que a paz esteja connosco,
das Neves, I.

manuela barroso disse...

Surpreendente I. ,
Mesmo que o vento apagasse a nossa luz
Mesmo que ela se confudisse com o fogo,
Ainda restava felicidade suficiente para nos surpreendermos com a dança das energias que emanam do nosso Eu. Então a erva rasa são flores, porque os obstáculos fazem parte do ontem.
Hoje somos, amiga. Amanhã, talvez!
Tão simples!Mas tão autêntico!
Terno abraço de paz,
Mª Manuela

Beatriz Bragança disse...

Querida Manu
Tu és uma luz que ilumina as sendas de muitas vidas.Não mudes a tua essência.
Mantém-te calma,esteja o tempo como estiver. É essa serenidade, de que qualquer um se apercebe, nem mais nem menos do que o reflexo da tua paz interior,símbolo de quem está de bem consigo e com a sua consciência.
Parabéns pelo belo texto.
Um beijinho
Beatriz